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Cristãos recusam armas na Síria

08 ago, 2012

Patriarca melquita nega que os cristãos tenham sido contactados para pegar em armas e diz que jamais o farão, porque o seu papel é de reconciliação e paz.

Cristãos recusam armas na Síria
Gregorios, Melquita
O Patriarca da Igreja Melquita, que tem sede em Damasco, publicou uma nota em que nega peremptoriamente que os cristãos tencionem pegar em armas durante o conflito que se arrasta na Síria.

Rejeitando os rumores de que os cristãos estariam a ser aliciados com armas para se juntarem à guerra, Gregório III diz que o papel dos cristãos é de reconciliação e paz.

“Nenhum oficial falou connosco sobre a possibilidade de armar os cristãos”, escreve o Patriarca, que adianta que “nunca contactámos qualquer oficial nem pedimos que os nossos filhos cristãos recebessem armas, seja em Damasco, seja noutro lugar qualquer. Nunca considerámos – nem vamos considerar – pegar em armas”.

O responsável por esta igreja católica de rito oriental enfatiza que o envolvimento dos cristãos na luta armada acarreta o risco de conflito sectário e “expõe os distritos predominantemente cristãos a ataques de origem desconhecida”.

Cerca de 10% da população síria é cristã, divididos em várias confissões diferentes, alguns católicos, outros ortodoxos. Mas o Patriarca dirige um apelo a todos os cristãos recordando-os das palavras do Evangelho: “todos quantos se servirem da espada morrerão à espada” (Mt. 26,52) e “Felizes os mansos, porque possuirão a terra … Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt. 5, 5-9).

“O nosso papel enquanto cristãos é de mediação e reconciliação: de sermos construtores de pontes entre os filhos da mesma pátria. Essa é a melhor missão que podemos desempenhar pelo nosso país, a Síria, pelos nossos irmãos e irmãs, concidadãos de todas as denominações, independentemente do partido, tribo, religião ou tendência”.

Gregório III termina a sua mensagem, datada de 3 de Agosto, com uma citação do antigo Patriarca Ortodoxo de Constantinopla, Atenágoras: “Já não tenho medo, porque abandonei as minhas armas!”

As palavras do Patriarca da Igreja Melquita surgem numa altura em que se intensifica a guerra civil na Síria. Este conflito tem adoptado um carácter marcadamente sectário, opondo em larga escala a maioria sunita, que forma a oposição, à minoria alauita, que domina os aparelhos de Estado.

Outras minorias, como drusos e curdos, têm evitado tomar posições quer pelo regime quer pela oposição e temem o que o futuro possa trazer.