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Canonização ajuda índios norte-americanos a encontrar lugar na Igreja

25 jul, 2012

Kateri Tekakwitha será, a partir de Outubro, a primeira santa oriunda das comunidades indígenas da América do Norte.

Canonização ajuda índios norte-americanos a encontrar lugar na Igreja
A canonização de Kateri Tekakwitha, que terá lugar em Outubro de 2012, será uma grande ajuda para a integração dos índios norte-americanos na Igreja Católica, consideram vários católicos indígenas ouvidos pela agência Catholic News Service.

“Vai ser bom para levantar o nosso povo, para elevar os nossos espíritos. Agora sentimos que pertencemos, de forma mais forte, a esse círculo sagrado”, diz a irmã Kateri Mitchell, uma freira cujo primeiro nome é o mesmo da futura santa.

Existem nos Estados Unidos cerca de 600 mil índios católicos. Muitos fazem parte de grupos chamados “Círculos de Kateri”, nos quais aprofundam a sua fé e apoiam-se mutuamente na caminhada religiosa.

Este rodear-se de amigos com a mesma fé é uma virtude louvada pelo bispo Charles J. Chaput, que também tem sangue índio. Na homilia de uma conferência dedicada à espiritualidade índia, Chaput pediu coragem aos fiéis: “Somos cobardes. Temos medo de pregar o Evangelho aos índios entre nós, não temos? Tenho dificuldade em imaginar que a Kateri se mantivesse em silêncio”.

A futura santa nasceu de mãe cristã e pai pagão, em 1656. Os seus pais morreram quando ela tinha quatro anos, de uma epidemia que a deixou com problemas de visão. Foi então educada por um tio que era anti-cristão e, quando foi baptizada aos 20 anos, foi renegada pela família e ameaçada de morte. Refugiou-se no Canadá onde se dedicou a uma vida de oração.

O apelido da santa, ao estilo índio, significa “aquela que caminha aos apalpões”, derivado à sua fraca visão. Outro bispo presente na conferência, Robert J. Cunningham, disse que esse título se pode aplicar à vida dos fiéis actualmente: “Por vezes o Evangelho é recebido com indiferença, incompreensão ou até hostilidade. Podemos andar perdidos enquanto tentamos escolher o lugar e o tempo certo para viver a nossa fé publicamente”, disse o bispo.