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Militares iraquianos forçados a fazer a barba para evitar identificação religiosa

21 jun, 2012

O Governo iraquiano resolveu proibir os seus militares de usarem barba em serviço. As autoridades islâmicas falam de um atentado à liberdade religiosa.

Militares iraquianos forçados a fazer a barba para evitar identificação religiosa
Os militares iraquianos devem andar sempre de barba feita, segundo uma lei aprovada pelo Governo.

A medida tem por objectivo impedir que as forças armadas sejam conotadas com facções religiosas ou políticas, num país ainda fortemente dividido, sobretudo entre sunitas e xiitas, os dois principais ramos do Islão.

A reacção das autoridades islâmicas, tanto de um lado como do outro, não se fizeram esperar. Fala-se de um atentado à liberdade religiosa e de desilusão por um estilo de Governo que se pensava ter desaparecido com o regime secular de Saddam Hussein.

O problema, segundo o Governo, é que num país islâmico a barba pode dizer muito sobre um homem, desde identificar a sua religião a representar o grau de devoção. Os muçulmanos mais devotos tendem a ter barbas mais compridas. Já alguns sunitas têm o hábito de rapar o bigode enquanto os sunitas usam as barbas completas, por exemplo.

A maioria dos iraquianos são xiitas mas há uma grande percentagem de sunitas e na década que se seguiu à queda do regime de Saddam, que oprimia os xiitas, decorreu uma autêntica guerra civil entre as duas comunidades, que resultou em centenas de milhares de mortos.

Problema global
O Iraque está longe de ser o único país a debater-se com esta questão. No ocidente as questões capilares também levantam alguma polémica entre os Estados e as religiões.

Os Estados Unidos são um claro exemplo disto. Alguns serviços em alguns estados, como guardas prisionais e bombeiros, proíbem o uso de barbas, o que tem sido contestado em tribunal por pessoas de diferentes religiões, desde muçulmanos a judeus e sikhs.

Nas prisões há ainda vários casos de seguidores do Rastafarianismo que se recusam a cortar o cabelo e que por isso, nalguns casos, passaram vários anos em solitária. Regra geral os tribunais têm decidido a favor da liberdade religiosa em muitos destes casos.