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Cardeal Sodano relativiza escândalo Vatileaks

08 jun, 2012

Em entrevista a L’Osservatore Romano, o decano do Colégio dos Cardeais diz que é natural que haja diferenças de opiniões, mas ficou surpreendido com “manobras”.

Cardeal Sodano relativiza escândalo Vatileaks
O decano do Colégio dos Cardeais, Cardeal Sodano, deu esta semana uma entrevista ao jornal do Vaticano L’Osservatore Romano, em que desdramatiza o escândalo Vatileaks e sublinha que a maioria dos funcionários da Santa Sé são movidos por lealdade ao Papa.

Acerca das revelações de documentos confidenciais e de relatos de um clima de grande divisão entre a cúria romana, o cardeal diz que as divisões são naturais, mas que ficou admirado, de facto, com o nível de “várias manobras”, que incluíram a divulgação de documentos secretos para a imprensa.

Angelo Sodano, que já foi secretário de Estado do Vaticano, lembrou que desde o início da Igreja que há discussões: “Quem não se lembra que no princípio da Igreja houve discussões, por exemplo entre Paulo e Barnabé sobre a proclamação do Evangelho? A discussão deles foi tão forte que foi cada um para o seu lado”, recorda.

Contrariando as teorias de que por detrás do escândalo estará uma disputa entre partidários do actual secretário de Estado e um grupo ligado ao próprio Cardeal Sodano, o decano insiste qeu tem uma excelente relação com o seu sucessor: "a quem me liga uma familiaridade antiga e um espírito comum de serviço ao Papa".

O cardeal diz que a Imprensa tem alguma culpa nesta história, mas as suas críticas não são generalizadas: “A imprensa tem, certamente, a missão de informar o público sobre o que se passa na Santa Sé. Por exemplo, gostei de ver a grande importância dada à visita de Bento XVI a Milão para o Encontro Mundial das Famílias”, explica, como exemplo.

“Mas é diferente quando se passa de informação para distorção das notícias”, diz, “De facto, em reacção aos fenómenos negativos há alguma tentação para os divulgar numa falsa perspectiva que pode ofuscar a beleza das coisas”.

Na sua entrevista o Cardeal faz ainda questão de distinguir entre duas realidades diversas no Vaticano. Uma coisa é a cúria romana, explica, outra o Governo do Vaticano. A maioria dos documentos divulgados diz respeito a este último, elucida.

“Da minha experiência pessoal posso garantir que existe um compromisso de construir uma comunidade de trabalho ao serviço do Papa. Mas com uma comunidade tão grande, alguns cumprem menos que outros. Só os anjos e os santos no céu é que não têm falhas”, diz.