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D. Nuno Brás

Católicos "têm culpa" que Corpo de Deus deixe de ser feriado

06 jun, 2012 • Ângela Roque

Em 2013 Corpo de Deus já vai ser celebrado no domingo seguinte. Bispo auxiliar de Lisboa admite que decisão pode retirar ainda mais importância ao dia, mas lembra que foram os católicos os primeiros a desvalorizar a data.

Católicos "têm culpa" que Corpo de Deus deixe de ser feriado
D. Nuno Brás diz que "a Igreja poderia bater o pé e dizer 'não queremos', mas com que autoridade moral é que o faria?". E acrescenta: "convenhamos que nós, os católicos, temos alguma culpa nisso. Se todos fossem à missa nesse dia em vez de irem para a praia, muito possivelmente não haveria Governo que tivesse condições para retirar este feriado".

No debate desta quarta-feira na Renascença o bispo auxiliar de Lisboa afirmou que a igreja teve de ceder ao pedido do Governo para acabar com dois feriados religiosos, mas disse manter a convicção de que possam ser repostos em 2018.

O acordo entre o Executivo português e a Santa Sé prevê a eliminação de dois feriados religiosos a partir de 2013, e durante cinco anos: caem o feriado de 1 de Novembro (Todos os Santos)  e o Corpo de Deus, que passa a ser celebrado no domingo seguinte.

Os feriados civis que vão desaparecer são o 5 de Outubro e o 1º de Dezembro.

O domingo é intocável?
Pedro Vaz Patto, outro dos comentadores residentes deste debate na Renascença, alertou para o risco que em Portugal também se corre de se desvalorizar o domingo: "há aqui uma cedência às leis do mercado, que vai sendo progressiva. Começa-se pela abertura dos estabelecimentos comerciais, depois os outros, e a pouco e pouco o domingo está-se a tornar um dia igual aos outros".

D. Nuno Brás lembrou que na Concordata o domingo é intocável, mas admitiu que "é um perigo cultural em que estamos a incorrer o de considerar o domingo um dia como os outros, de haver uns que folgam à segunda, outros à terça-feira e outros ao domingo. É uma desumanização completa", disse.

No debate desta quarta-feira na Renascença  D. Nuno Brás, Pedro Vaz Patto e Aura Miguel falaram ainda do 3º Fórum Católico-Ortodoxo, que está a decorrer em Lisboa, fizeram o balanço do encontro mundial das famílias com o Papa, que decorreu em Milão, e comentaram os últimos desenvolvimentos do chamado caso "Vatileaks", relativo à fuga de documentos secretos do Vaticano.