Em várias partes do Médio Oriente ente aumenta a tensão entre comunidades sunitas e xiítas.
Um atentado matou esta manhã pelo menos 26 pessoas num gabinete oficial responsável por gerir os lugares santos xiitas. Perto de 200 pessoas ficaram feridas.
O ataque não foi ainda reivindicado mas tudo indica que se trata do ramo iraquiano da Al-Qaeda, que é sunita.
Este atentado sublinha a crescente divisão a que se assiste em todo o Médio Oriente entre sunitas, que formam a esmagadora maioria dos muçulmanos no mundo, e xiitas, que são minoritários mas compõem a maioria em países como o Irão e o Iraque.
No Iraque a maioria xiita foi reprimida durante o regime de Saddam e, desde a sua queda, tem-se assistido a um estado de quase guerra civil entre as duas comunidades, com sucessivos atentados a fazer dezenas de milhares de mortos ao longo dos anos.
A subida dos xiitas ao poder no Iraque ameaça destabilizar o status quo no Médio Oriente, tornando o país um potencial aliado do Irão, que durante a era de Saddam era o grande inimigo. Este novo alinhamento preocupa os países sunitas, entre os quais a Arábia Saudita, que tem assumido o papel de principal opositor do Irão e tem ajudado a esmagar uma revolta popular da maioria xiita do Bahrein, que é regido por uma família real sunita.
A Síria é outro caso em que as divisões são manifestas. Naquele país os sunitas formam a maioria, mas o regime está nas mãos dos alauítas, uma seita xiita. A família Assad conta assim com o apoio do Irão sobretudo porque uma tomada de poder por parte dos sunitas poderia impedir o fornecimento de armas e apoio logístico do Irão ao Hezbollah, o poderoso partido e grupo armado xiita que actua no Líbano e constitui actualmente o mais importante opositor a Israel.
O atentado que teve lugar em Bagdade é apenas mais uma jogada num conflito que promete não acalmar nos próximos tempos naquela região do mundo.