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Papa reafirma documento católico contra o anti-semitismo

10 mai, 2012 • Filipe d’Avillez

Delegação judaica da América do Sul visitou o Vaticano e ouviu o Papa realçar a importância de “Nostra Aetate”, um dos documentos contestados pelos tradicionalistas.  

O Papa Bento XVI reafirmou hoje a importância do documento “Nostra Aetate”, aprovado durante o Concílio Vaticano II, durante um encontro com a delegação do Congresso Judaico Latino-Americano.

Bento XVI saudou a delegação que representa grupos de judeus “dinâmicos”, de países como o Brasil e a Argentina, onde vivem lado a lado com uma grande maioria católica.

Essa realidade serviu de mote para o Papa reforçar a nova relação entre a Igreja e o Judaísmo que saiu do Concílio Vaticano II. “Grupos que inicialmente se relacionavam com uma certa desconfiança tornaram-se parceiros e amigos, bons amigos até, capazes de enfrentar crises e conflitos juntos, de maneira positiva”.

O Papa falou da importância do documento “Nostra Aetate”, que está na base dessa nova relação: “Continua a ser o guia dos nossos esforços para promover o maior entendimento, respeito e cooperação entre as nossas duas comunidades.”

Segundo o Papa, “A declaração não só assumiu uma posição clara contra qualquer forma de anti-semitismo, também criou as bases para uma reavaliação teológica da relação entre a Igreja e o Judaísmo, e expressou a confiança de que uma apreciação crescente da herança espiritual partilhada entre judeus e cristãos levaria a uma estima e um entendimento crescentes”.

As considerações de Bento XVI são particularmente importantes uma vez que, ao que tudo indica, estão prestes a normalizar-se as relações entre Roma e a Sociedade de São Pio X (SSPX), fundada pelo arcebispo Marcel Lefebvre, que reúne os tradicionalistas que estão em cisão com o Vaticano desde 1988.

A “Nostra Aetate”, que defende o diálogo inter-religioso e ecuménico, é precisamente uma das declarações mais contestadas pelos tradicionalistas. A reunificação, que poderá ser anunciada até finais de Maio, tem sido vista com suspeição por grupos judaicos. Os tradicionalistas, que apenas celebram missa segundo o antigo rito latino, usado antes do Concílio, continuam a usar uma oração na Sexta-feira Santa que os judeus consideram ofensiva e, em 2008, um dos quatro bispos da SSPX teceu declarações que negavam a verdadeira extensão do holocausto.

O inglês Richard Williamson foi, contudo, criticado e silenciado pelo superior da SSPX, o bispo Bernard Fellay.