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Abusos na Igreja

Vice-primeiro-ministro irlandês pede renúncia de cardeal

03 mai, 2012

Arcebispo de Armagh é acusado de não ter feito o suficiente para ajudar as vítimas de abusos sexuais na Irlanda. Sean Brady insiste que não se vai demitir.

O vice-primeiro-ministro da Irlanda, Eamon Gilmore, pediu publicamente a renúncia do mais importante Arcebispo daquele país, o Cardeal Sean Brady, de Armagh.

A pressão para que o Cardeal Brady renuncie ao seu cargo tem aumentado à medida que vão sendo revelados detalhes sobre o seu envolvimento no encobrimento de casos de abuso sexual praticados por membros da Igreja.

Gilmore foi questionado no parlamento irlandês depois de um documentário da BBC ter revelado que o Cardeal Brady tinha tido acesso aos nomes e moradas de várias vítimas de Brendan Smyth, um notório padre pedófilo, mas que nada tinha feito para avisar as suas famílias.

Muitas das vítimas, alega o documentário, continuaram a ser abusados pelo sacerdote, sem que a Igreja fizesse nada para garantir a sua segurança.

“Sou da opinião que uma pessoa que não lidou com a dimensão de abuso que temos visto neste caso não devia exercer cargos de autoridade”, respondeu Brendan Smyth.

Contudo o Cardeal, que já se viu envolvido em mais episódios do escândalo de abusos sexuais que tem abalado a igreja irlandesa, tem resistido sempre aos apelos para que se demitisse. Neste caso a sua reacção não foi diferente.

Sean Brady considera na altura esteve presente na reunião apenas na qualidade de secretário e que confiou que os seus superiores tomassem medidas, o que não aconteceu. O cardeal admite, contudo, que na altura a Igreja não reconheceu a gravidade e o impacto dos abusos que estavam a ser cometidos.

O padre Brendan Smyth acabou por ser detido e condenado por 74 casos de abuso sexual. Morreu um mês depois de começar a cumprir uma pena de 12 anos de cadeia.

Com 72 anos, o Cardeal Brady poderá manter-se no seu posto de Arcebispo de Armagh pelo menos mais três anos, salvo qualquer imprevisto.