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Tribunal arquiva processo de massacre de cristãos no Egipto

30 abr, 2012 • Filipe d’Avillez

Falta de provas e de identificação dos culpados é a razão invocada pelo sistema judicial egípcio, num caso que deixou mortos 27 cristãos e feriu 320.  

Tribunal arquiva processo de massacre de cristãos no Egipto
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Um tribunal egípcio arquivou o processo relativo ao massacre de Maspero, de Outubro de 2011, que resultou na morte de 27 cristãos que participavam numa manifestação pacífica em defesa dos direitos desta minoria.

Os coptas, como são conhecidos os cristãos egípcios, marchavam em direcção à sede da televisão estatal, numa manifestação devidamente autorizada, quando começou a violência.

Os cristãos alegam que os militares que estavam de guarda ao edifício começaram a disparar sobre eles. Na confusão vários cristãos foram alvejados e outros foram atropelados por carros blindados do exército.

Já os militares afirmam que os ataques partiram dos manifestantes. Na altura um porta-voz do exército justificou o incidente dizendo que os militares estavam desarmados, mas mais tarde contradisse-se ao afirmar que os coptas tinham retirado armas aos soldados e disparado contra eles.

Durante os confrontos, que duraram várias horas, a televisão estatal emitiu um apelo aos egípcios para irem defender os soldados dos cristãos que os atacavam.

O incidente foi duramente criticado em todo o mundo e foi dos mais graves casos a abalar o país desde a queda do regime de Mubarak. Na altura foram detidos cerca de 28 cristãos, alguns dos quais aparentemente nem tinham estado na manifestação, e acusados de terem causado a violência, incluindo a morte dos seus correligionários.

O caso foi agora arquivado por falta de identificação dos culpados e por falta de provas contra os que tinham sido detidos, motivando um comentário sarcástico por parte do advogado de defesa dos cristãos: “Estamos contentes por termos conseguido provar que os arguidos coptas não foram culpados de matar os seus irmãos coptas”.

Em declarações citadas pela agência AsiaNews, uma jovem copta cujo noivo foi esmagado por um blindado, declara que só a justiça internacional é que apresenta alguma esperança para os cristãos: “No Egipto não conseguimos obter justiça para aqueles que foram martirizados”.

Os cerca de 10 milhões de cristãos no Egipto representam cerca de 12% da população do país e constituem a maior comunidade cristã de todo o Médio Oriente. Queixam-se frequentemente de discriminação social por parte do regime, da justiça e das autoridades.