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Vaticano recomenda menos dissensão e mais atenção aos leigos à Igreja da Irlanda

20 mar, 2012 • Filipe d'Avillez

Grupos de vítimas de abusos sexuais reagem de forma mista ao relatório que surge dois anos depois da carta escrita por Bento XVI aos católicos da Irlanda.

Vaticano recomenda menos dissensão e mais atenção aos leigos à Igreja da Irlanda
O Vaticano publicou hoje o relatório de uma visitação às instituições católicas da Irlanda, motivada pelo escândalo dos abusos sexuais no país. O relatório tinha sido prometido pelo Papa Bento XVI na carta que endereçou aos católicos irlandeses há exactamente dois anos.

Os responsáveis do relatório apelam à hierarquia da Igreja irlandesa que se centre mais nos leigos, que “perderam confiança” nos seus pastores na sequência das revelações.

Mas os visitadores expressam também a sua preocupação por uma tendência alargada entre clero e fiéis para “expressar opiniões teológicas diferentes dos ensinamentos do Magistério”, uma situação preocupante que deveria ser corrigida, recomendam.

A visitação foi conduzida por vários bispos do mundo anglófono, a maioria dos quais descendentes de irlandeses, como é o caso do Arcebispo Emérito de Westminster, o Cardeal Cormac Murphy-O’Conner; o actual Arcebispo de Boston, Cardeal Sean O’Malley e o Arcebispo de Nova Iorque, Cardeal Timothy Dolan.

Foram feitas visitas a dioceses e seminários e decorreram encontros com vítimas de abusos sexuais.

Entre as conclusões do relatório encontra-se ainda a acusação de falta de vigilância por parte das autoridades religiosas, que em muitos casos encobriram os incidentes, e também da falta entendimento por parte dos diferentes bispos em traçar um rumo comum para enfrentar a situação.

O relatório foi recebido com uma mistura de reacções por parte de grupos de vítimas. Alguns lamentaram o facto de o próprio Vaticano não ter sido referenciado por alegadamente ter promovido uma cultura de encobrimento dos casos de abusos sexuais.

Mas outros saudaram o tom do texto, que é duro para com a hierarquia irlandesa, e em particular a recomendação de que os bispos e outros responsáveis deviam dedicar mais tempo a escutar e a procurar trabalhar com as vítimas de abusos.