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Mulheres são as principais vítimas de discriminação religiosa

08 mar, 2012 • Ângela Roque

Catarina Martins recorda o caso de Asia Bibi, que continua presa no Paquistão apenas por ser cristã.

Mulheres são as principais vítimas de discriminação religiosa
Crista paquistanesa blasfemia
As mulheres são as principais vítimas de discriminação no mundo, também por motivos religiosos, explica Catarina Martins, da fundação Ajuda à Igreja que Sofre. Todos os dias, diz a dirigente, chegam novos relatos de perseguição.

Em muitos casos as famílias das vítimas são os responsáveis pela violência: “Muitas vezes, por questões religiosas, são violentadas, discriminadas e oprimidas pelas suas próprias famílias, pelas comunidades que têm à sua volta. De facto este dia da mulher é também importante para nos lembrarmos que existem estas mulheres no mundo, que precisam de alguém que se lembre delas”, considera Catarina Martins.

A fragilidade da posição social das mulheres no Médio Oriente e no mundo muçulmano faz delas um alvo fácil. O caso mais mediático do último ano é o de Asia Bibi, condenada ao abrigo das leis contra a blasfémia, no Paquistão.

“Ela continua presa no Paquistão, não sabemos bem em que condições de momento, porque não há muitas notícias. A família pode vê-la cada vez menos. Esta mulher continua presa apenas porque tocou em água que as suas colegas muçulmanas também bebiam. Ao tocar nesta água contaminou-a, apenas por ser cristã. É este o seu crime, e por isso acabou por ser condenada à morte. Neste momento não está condenada à morte, mas continua presa”, explica Catarina Martins.

Pelo menos dois políticos que ergueram a voz pela libertação de Asia Bibi acabaram mortos, um facto recordado pela presidente da Ajuda à Igreja que Sofre. “Não sabemos qual vai ser o desfecho deste caso, porque todas as pessoas que fizeram pressão para a sua libertação foram assassinadas. Neste momento corre-se o risco de, mesmo que seja libertada, ser assassinada pelos fundamentalistas mal saia da prisão.”

O caso de Asia Bibi está longe de ser único: “Há no Oriente, ou Médio Oriente, muitas mulheres presas pelo crime, que não é crime, de serem cristãs”, lamenta Catarina Martins.