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Sarkozy defende voz das religiões na sociedade francesa

30 jan, 2012

Candidato socialista às próximas eleições quer que a lei da separação seja inscrita na Constituição.

Sarkozy defende voz das religiões na sociedade francesa
O Presidente de França, Nicolas Sarkozy,  defendeu na passada semana a importância de as religiões fazerem ouvir a sua voz nos debates da sociedade.

Num encontro com líderes de várias religiões, o chefe de Estado francês defendeu o conceito de secularismo, mas disse que não se pode dar liberdade de expressão a todos menos às religiões.

“Uma sociedade secular é aquela que decidiu separar as religiões do Estado, de forma a que o Estado não precise de justificar as suas escolhas perante as religiões nem estas dependam do Estado para se organizarem”, afirmou Sarkozy. “Mas isto não significa que as religiões, desde que respeitem a lei, estejam proibidas de falar. Nem significa que as vossas palavras não ultrapassem as paredes dos vossos locais de culto. Seria uma estranha definição de democracia aquela em que todos têm direito a expressar a sua opinião, excepto vocês”.

Esta não foi a primeira vez que Nicolas Sarkozy falou do conceito de “laicidade positiva” (como ele próprio a definiu num discurso em Roma, em 2007), em que as esferas política e religiosa estão separadas mas se respeitam e enriquecem mutuamente, para benefício do espaço público.

As palavras do Presidente foram bem recebidas pelos líderes religiosos, incluindo o cardeal Vingt-Trois, arcebispo de Paris, e podem ser entendidas em parte como resposta à ideia lançada por François Hollande, candidato às presidenciais pelo Partido Socialista, que disse na semana passada que a lei da separação devia ser inscrita na Constituição do país.

A proposta de Hollande foi criticada pela Igreja Católica, bem como líderes ortodoxos, judeus e muçulmanos.