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Papa faz elogio ao silêncio

24 jan, 2012 • Filipe d'Avillez

“Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se", considera Bento XVI.

Papa faz elogio ao silêncio
"Silêncio" e "palavra" são dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, para que se possa obter um diálogo autêntico entre as pessoas na procura da verdadeira relação humana. Na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações deste ano, o Papa Bento XVI sublinha a importância destas duas dimensões, num mundo preenchido pelo ruido e por inúmeros estimulos. Uma mensagem decifrada pelo cónego João Aguiar Campos, director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja.
A mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais faz o elogio do silêncio enquanto factor crucial e, muitas vezes, esquecido para a verdadeira comunicação. O texto de Bento XVI para 20 de Maio, Domingo da Ascenção, foi hoje divulgado pelo Vaticano.

O silêncio e a palavra devem equilibrar-se entre si, explica Bento XVI: “Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém, se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado”.

O Papa sublinha ainda o papel do silêncio "para favorecer o discernimento". Bento XVI refere que, perante tantos estímulos, é nessário "focalizar as perguntas verdadeiramente importantes".

“Nos nossos dias, a Rede vai-se tornando cada vez mais o lugar das perguntas e das respostas; mais, o homem de hoje vê-se, frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes”, pode ler-se na mensagem do Papa.

Neste quadro, Bento XVI sublinha que se torna necessário ao Homem encontrar espaços, mesmo nessas redes sociais, onde haja lugar para a reflexão, a oração e o silêncio.

O Papa identifica nesta insistente procura de respostas a “inquietação do ser humano, sempre à procura de verdades” e, por isso, diz que não nos devemos surpreender com o facto de, “nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio" constituÍrem "espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas”. 

Bento XVI toca também na questão da contemplação religiosa, recordando um tema que já tinha aflorado,em Outubro, numa visita à cartuxa da Serra de São Bruno, em Itália.

A mensagem termina falando da importância de se educar correctamente na comunicação: “Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é particularmente importante paras os agentes da evangelização: silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes da acção comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo”.

Leia aqui a mensagem na íntegra