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D. José Policarpo diz que o Governo ainda não pediu renegociação dos feriados

10 jan, 2012

Na opinião de D. José Policarpo, deve manter-se o 8 de Dezembro e sacrificar o 15 de Agosto.

D. José Policarpo diz que o Governo ainda não pediu renegociação dos feriados
Segundo D. José Policarpo, o Governo mostrou intenção de rever e estabelecer novos acordos sobre os feriados, mas "não lhe consta" que da parte do Estado já tenha sido feito o pedido formal à Santa Sé para encetar negociações. Para o patriarca de Lisboa, o feriado da Imaculada Conceição é "intocável", mas o do Corpo de Deus não, uma vez que no resto da Europa já é um feriado móvel celebrado ao domingo.
D. José Policarpo falou hoje da questão dos feriados, afirmando que, tanto quanto sabe, o Governo ainda não pediu formalmente à Santa Sé a abertura de uma negociação para a abolição de dois feriados religiosos.

“O Governo manifestou intenção, quer em público, quer a nós, de fazer novos acordos sobre os feriados, mas não me consta que tenha havido sequer um pedido formal de negociações. Portanto, estamos todos ainda a trabalhar no ‘disse que disse’”, explica D. José Policarpo.

O Patriarca de Lisboa não põe em questão a legitimidade de o Governo poder encetar essas negociações com a Santa Sé, ao abrigo da Concordata: “Na Concordata, está claro como água que o Governo pode negociar essa concessão de um feriado civil a sublinhar o feriado religioso”.

Quanto aos feriados que possam vir a ser suprimidos, isso depende das eventuais negociações. Os bispos têm as suas opiniões e poderão manifestá-las se forem chamados para isso, mas a Santa Sé é que tem a decisão final.

Sacrificar o 15 de Agosto
Na opinião de D. José Policarpo, deve manter-se o 8 de Dezembro e sacrificar o 15 de Agosto. Nesse caso, a Igreja deveria manter a celebração litúrgica no dia 15: “A imaculada Conceição, a meu ver ,é intocável. No 15 de Agosto, meio país tem romarias e festas. Aliás, a minha posição pessoal é que se tocar numa festa de Nossa Senhora, como o 15 de Agosto, nós mantenhamos a festa religiosa nesse dia”.

Liturgicamente, o Patriarca admite alterar apenas o Corpo de Deus: “O Corpo de Deus, pessoalmente, aceito que seja deslocado para o domingo seguinte. Os outros, eu mantinha-os como festa litúrgica e vamos adaptar os nossos horários a isso”.

Inquérito às fundações
D. José Policarpo, que preside à Conferência Episcopal Portuguesa, falou ainda do tema do inquérito às fundações, anunciado pelo Governo. O Cardeal Patriarca não vê qualquer razão para alarme: “Se esse inquérito concluir que há coisas a afinar e a corrigir nas nossas fundações estamos dispostos a isso”, adiantou D.José Policarpo, afirmando que se alguma instituição tiver de encerrar que seja pela iniciativa da Igreja.

O Patriarca de Lisboa espera ainda que as fundações sejam sinceras nas respostas a dar ao Governo: “Espero que o façam a tempo e com verdade. Não devemos fugir à análise que o Governo quer fazer”, disse o Patriarca.