Deus omnipresente nas primárias republicanas norte-americanas

Com a quantidade de referências que lhe foram feitas, há quem diga que Deus foi o grande vencedor das primárias republicanas no Estado de Iowa, na passada terça-feira.

Os candidatos voltaram a competir para ganhar os votos dos eleitores religiosos, mostrando que, este ano, a religião voltará a ser um factor importante nas eleições presidenciais.

O vencedor desta ronda, Mitt Romney, referiu que a liberdade “é um dom de Deus”, enquanto o católico Rick Santorum, que ficou em segundo lugar, referiu que “Deus nos deu este grande país para que o seu povo pudesse ser livre. Agradeço publicamente a Deus”, como que indicando que as manifestações públicas de agradecimento a Deus não são nem devem ser um problema.

Michelle Bachman, candidata com fortes credenciais evangélicas, mas que desistiu, depois do desaire de Iowa, começou o seu discurso de derrota afirmando que: “Mais do que tudo, agradeço a Deus que nos ama, que nos criou e fez com que esta nação existisse”.

Por fim, Rick Perry, um dos grandes derrotados da noite, anunciou que precisava de “rezar por orientação” sobre o percurso a seguir a partir de Iowa, o que muitos entenderam como um aviso de que irá abandonar a corrida. A oração, pelos vistos, indicou-lhe o contrário, e Perry continuará a fazer campanha, pelo menos, até às próximas primárias, na Carolina do Norte.

Evangélicos de peso
Os dados das eleições primárias do Iowa confirmam ainda que os evangélicos constituíram a esmagadora maioria dos eleitores, com 57%. A tendência dos seus votos é, por isso, muito importante e poderá indicar quem ganhará vantagem nas próximas rondas.

Surpreendentemente, a maioria dos evangélicos não votou em Romney. Apesar de partilharem muitas preocupações a nível social, os evangélicos cultivam uma forte desconfiança dos mórmones, que, pelos vistos, ainda não foi ultrapassada. Apesar de Romney ter vencido por uma diferença marginal, este facto não augura nada de bom para as próximas primárias, sobretudo, no Sul, onde os Evangélicos se fazem sentir com mais força. Soma-se a isso o facto de Romney ter tido menos votos, tanto em números reais como em percentagem, em comparação com as primárias das últimas eleições.

Curioso é que os mesmos evangélicos parecem ter ultrapassado uma desconfiança semelhante e antiga para com os católicos. Rick Santorum, o único candidato católico, foi o preferido dos evangélicos, 32% dos quais votaram nele, facto tanto mais significativo quando se tem em conta que, pelo menos, dois dos outros candidatos, Michelle Bachman e Rick Perry são solidamente evangélicos. Bachman já desistiu e, a confirmar-se que Perry também abandona a corrida, não é natural que os seus eleitores votem em Romney, o que poderá dar uma vantagem a Santorum.