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Israel, França e Turquia divididos sobre questão arménia

27 dez, 2011

Depois de França ter classificado como genocídio o massacre dos arménios, o parlamento israelita discute agora a questão. A Turquia não está contente.

Israel, França e Turquia divididos sobre questão arménia
O parlamento israelita começou ontem a discutir publicamente a questão da perseguição dos arménios na Turquia que teve lugar no início do século XIX.

Estima-se que na altura tenham sido mortos mais de um milhão de pessoas da minoria arménia a viver na Turquia, após o fim do Império Otomano. Centenas de milhares de outros viram-se obrigados a fugir para outros países.

Os arménios são étnica e religiosamente diferentes dos turcos. Os primeiros são cristãos, na maioria fiéis da Igreja Ortodoxa Apostólica da Arménia, enquanto os segundos são muçulmanos.

A Turquia reconhece que houve abusos mas recusa o termo genocídio, dentro do país o uso da palavra nesse sentido é severamente punido.

A diáspora arménia, calculada em cerca de 7,5 milhões de pessoas, faz muita pressão para que outros países reconheçam a perseguição como tendo sido genocídio, algo que foi conseguido na passada semana em França. A Turquia reagiu mal, chamando o seu embaixador em Paris e acusando os franceses de terem cometido genocídio na Argélia.

Actualmente tanto a Eslovénia e a Suíça criminalizam a negação do genocídio dos arménios. O congresso americano já discutiu o assunto várias vezes, sem ter tomado semelhante medida.

Discussão complexa
A discussão actualmente a decorrer em Israel é complexa. Por um lado há grupos de pressão que querem que Israel, tendo sido constituído no rescaldo de um genocídio, esteja na fila da frente do reconhecimento das tragédias que se abateram sobre outros povos. Nas palavras do deputado Reuvin Rivlin: “Como povo e como país enfrentamos o mundo com a exigência moral de que a negação do holocausto é algo que não a história da humanidade não pode aceitar. Logo, não podemos negar as tragédias dos outros”.

Por outro lado há os pragmáticos que querem salvaguardar as relações que Israel tem com a Turquia, um dos únicos países muçulmanos com quem Israel ainda os tem.

O piorar dessas relações, com a Turquia a criticar Israel pela forma como lidou com a frota, alegadamente humanitária, que tentou aportar na Palestina, e pelo fracasso do diálogo com os palestinianos, enfraqueceu a posição dos pragmáticos e deu novos aliados aos que querem reconhecer o genocídio dos arménios.

De qualquer maneira, a medida em Israel não irá tão longe como a francesa. Os israelitas pretendem apenas instituir “um dia do massacre do povo arménio”.