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Bernardin Gantin, amigo de Bento XVI e pioneiro africano na Igreja

18 nov, 2011 • Filipe d'Avillez

Foi o primeiro africano negro a exercer altos cargos na hierarquia da Igreja, conquistou o respeito da cúria romana e a amizade de Ratzinger.

Bernardin Gantin, amigo de Bento XVI e pioneiro africano na Igreja
No seu discurso de chegada a Cotonou, Bento XVI fez questão de recordar o cardeal Gantin, que apelidou de “ilustre filho” do Benim.

Visitar e rezar na sepultura do seu antigo colega na cúria romana foi uma das razões invocadas pelo Papa para a visita que agora está a fazer.

Bento XVI conheceu Gantin quando ambos estavam em Roma, um na Congregação para a Doutrina da Fé, outro na Congregação para a Evangelização dos Povos. Durante esse tempo, afirmou hoje o Papa: “ajudámos, o melhor que pudemos, o meu predecessor, o Beato João Paulo II, a exercer o seu ministério petrino. Tivemos oportunidade de nos encontrar muitas vezes, dialogar profundamente e rezar juntos. O Cardeal Gantin conquistara o respeito e a estima de muitos”.

Bernardin Gantin foi mais do que um mero africano na cúria romana, ele foi o primeiro africano negro a exercer altos cargos em Roma. Aliás, a sua biografia está recheada de estreias, a primeira das quais foi ser o primeiro arcebispo negro, em 1960.

Em 1993 tornou-se ainda o primeiro africano negro a exercer o cargo de decano do colégio de cardeais. Esse posto havia de ser abandonado em 2002, quando completou 80 anos e foi sucedido por Joseph Ratzinger.

Bernardin Gantin – o apelido significa árvore de ferro em terra africana – nasceu em 1922, filho de um funcionário do caminho-de-ferro. Foi elogiado pela forma como exerceu o seu ministério pastoral, primeiro como pároco e mais tarde como arcebispo de Cotonou, e foi com pesar que deixou a sua terra e o seu povo para ir para Roma, quando para isso foi chamado.

Em Roma era conhecido pela sua grande lealdade ao Papa João Paulo II e chegou a criticar “certas ideias e atitudes anti-romanas, disseminadas no Ocidente através dos ensinamentos de teólogos e mestres do pensamento”.

Morreu em Paris, em Maio de 2008. Logo na altura o já Papa Bento XVI enviou um telegrama de pesar ao presidente do Benim onde elogiava as muitas qualidades do seu amigo.

Amanhã Bento XVI visitará o seu túmulo em Ouidah para rezar e prestar homenagem ao seu amigo.