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“Apelo à desobediência” chega à Irlanda

17 nov, 2011

Grupo liberal reclama reformas na Igreja e afirma que nova tradução da liturgia é uma “imposição”.

O ramo irlandês do movimento dissidente Nós Somos Igreja vai seguir o exemplo da Áustria e lançar um apelo à desobediência.

A iniciativa, que na Irlanda se vai chamar “Santa desobediência”, pretende reclamar reformas para a Igreja, incluindo uma maior abertura a católicos homossexuais, a admissão de católicos divorciados e recasados à comunhão, o fim do celibato obrigatório para os padres e a ordenação de mulheres.

Os irlandeses do Nós Somos Igreja, que não ultrapassam a centena de membros, reclamam também contra a introdução de uma nova tradução inglesa do missal. O novo texto, que entra em vigor na Irlanda no dia 27 e que se pretende mais fiel ao latim original, tem causado alguma polémica nos países de língua inglesa. Tendencialmente os mais conservadores apoiam a nova linguagem e os mais liberais contestam-na.

O Nós Somos Igreja da Irlanda acusa o Vaticano de ter imposto a tradução aos fiéis.

A Igreja na Irlanda tem passado por anos muito difíceis, nomeadamente com a revelação de vários escândalos de abusos sexuais e acusações entre o Governo e o Vaticano. Recentemente Dublin decidiu encerrar a sua embaixada na Santa Sé, embora tenham dito que a decisão nada tinha a ver com o conflito.

A campanha a favor da “santa desobediência” inspira-se num “apelo à desobediência” lançado por cerca de 300 padres na Áustria, com o apoio do movimento Nós Somos Igreja daquele país. O mesmo movimento veio mais tarde afirmar que na ausência de padres, vai promover a celebração de missas por fiéis leigos, demonstrando assim uma descrença no ensinamento católico de que apenas ministros ordenados ao grau de sacerdócio têm capacidade para consagrar, um elemento necessário para a validade da missa.

O movimento Nós Somos Igreja nasceu na Áustria e na Alemanha em 1995 exigindo reformas profundas para a Igreja Católica, incluindo algumas que contrariam, radicalmente, a doutrina católica, como é o caso da aceitação da homossexualidade e a ordenação de mulheres.