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Paul, o duque que defende a cristandade em Bruxelas

11 nov, 2011 • Filipe d'Avillez

“Nossa Senhora de Fátima prometeu um castigo se o mundo não se convertesse, temo que isso seja necessário para as pessoas acordarem”, considera o director da Federação Pro-Europa Christiana.

Paul, o duque que defende a cristandade em Bruxelas
A Federação Pro-Europa Christiana reúne dez associações, de outros tantos países europeus, incluindo a portuguesa Acção Família e tem a sua sede em Bruxelas, onde funciona como um “lobby” católico para tentar influenciar as políticas e as directivas que emanam das instituições europeias.

Chefiada por Paul Herzog von Oldenburg, membro de uma família nobre alemã, a federação mantém-se particularmente atenta a medidas anti-cristãs que são propostas ou aprovadas, e não são poucas, garante em entrevista à Renascença: “Os tratados europeus dizem que as políticas de família são da competência dos Estados, mas pelas porta dos fundos tentam introduzir políticas, que supostamente nada têm a ver com a família, mas que influenciam. Por exemplo o casamento homossexual é reconhecido em Espanha mas não na Polónia, então tentam introduzir medidas, a ver com direito do trabalho por exemplo, em que dizem que os estados devem reconhecer o estatuto daquela família, que na verdade não é uma família, porque é reconhecida em Espanha e por isso deve ser reconhecida na Polónia”, explica.

Mas quem são “eles”? Pelo menos 80% dos eurodeputados pensam desta forma, garante: “As instituições europeias são parciais neste aspecto. Por exemplo tentam que a ajuda ao desenvolvimento para países africanos seja dependente de políticas deste género. Se o país tem uma politica contra o casamento homossexual, então tenta-se cortar o apoio. Estamos a falar da comissão e de 80% dos eurodeputados”.

Mas o principal problema, considera, são os povos que se deixaram adormecer e não percebem que é necessário lutar para preservar os valores essenciais da Europa.

“As sociedades não percebem que têm de defender estes princípios que Bento XVI apelidou de não negociáveis. O direito à vida desde a concepção até à morte natural, o casamento como sendo entre um homem e uma mulher e o direito dos pais educarem os seus filhos de acordo com as suas crenças religiosas. As sociedades esquecem-se disto e o resultado é que as políticas continuam sem qualquer resistência”, explica Paul von Oldenburg.

Futuro pessismista
Recentemente o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem tomou duas decisões que agradaram às igrejas cristãs. Por um lado a sentença que considerou legítima a presença de crucifixos nas salas de aula em Itália, e por outro a proibição de patentear tecnologias que envolvam a destruição de embriões humanos.

O presidente da Federação Pro-Europa Christiana aplaude as medidas mas não é por isso que vê o futuro com optimismo: “A tendência é pessimista. Assistimos a um ressurgimento, sobretudo entre alguns jovens, por isso há esperança. Há uma geração, pessoas entre os vinte e vinte e cinco anos, que começam a ver que há algo profundamente errado. Mas é um grupo pequeno. Mas ficamos com a ideia de que a sociedade está polarizada e a maioria vai na direcção errada”.

Para von Oldenburg é necessária uma alteração radical de mentalidades. “Precisamos de remover estas ideias modernas de hedonismo, modernismo. Precisamos de uma mudança de alma na sociedade e não sei se isso é possível em poucos anos. Nossa Senhora de Fátima disse que se o mundo não se convertesse haveria um grande castigo, e o mundo ainda não se converteu. Temo que seja necessário acontecer algo do género para as pessoas acordarem”, conclui.

BIOGRAFIA: Director da Federação Europa Pro-Christiana
Sua Alteza Paul-Wladimir Herzog Von Oldenburg, duque de Oldemburgo, nasceu em 1969 na família que governou o grão-ducado de Oldemburgo até 1918. É 14º na linha de sucessão ao título e em 2002 tornou-se um dos primeiros membros da família a converter-se ao catolicismo depois de 400 anos na igreja protestante. É casado e tem quatro filhos e pertence ao ramo alemão da organização católica tradicionalista Tradição Família e Propriedade. Actualmente é o director da Federação Europa Pro-Christiana, que tem sede em Bruxelas.