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Israel

Juiz iliba padre acusado de esmurrar judeu ultra-ortodoxo

31 out, 2011

Fenómeno de jovens ultra-ortodoxos que cospem contra sacerdotes cristãos tem aumentado em Israel nos últimos anos.

Um tribunal israelita arquivou o processo contra um padre ortodoxo, acusado de esmurrar um jovem judeu ultra-ortodoxo, informa o jornal israelita de língua inglesa Jerusalem Post.

O padre Martarsian recorreu à força em Junho de 2008 quando o jovem estudante cuspiu em sua direcção. Contudo, o tribunal considerou que a reacção do sacerdote tinha sido desculpável tendo em conta as circunstâncias e recordou que os incidentes de padres cuspidos e insultados por jovens ultra-ortodoxos têm-se tornado um hábito em alguns sectores da Jerusalém.

“É escusado dizer que cuspir em direcção ao réu, enquanto envergava as vestimentas da Igreja, é uma ofensa criminal. É intolerável que um cristão seja humilhado por causa da sua fé, da mesma maneira que é quando se trata de um judeu”, afirmou o juiz, que adiantou que quem cospe sobre os clérigos cristãos fere “não só aqueles contra quem cospem, mas a imagem do país, o turismo e os valores” de Israel.

O juiz Dov Pollock recorreu ainda à longa história de anti-semitismo para justificar a sua decisão: “Os judeus experimentaram um longo historial de anti-semitismo às mãos de cristãos, que resultou em grande sofrimento para os judeus e par ao judaísmo. Contudo, com o regresso dos judeus à soberania e à independência, o Estado deve-se esforçar não para olhar para trás mas para o estabelecimento de um país que garante a liberdade religiosa e onde todos são iguais perante a lei, sem distinção de raça ou religião”.

O jovem judeu em questão defendeu-se dizendo que tinha uma condição médica que o levava a produzir excesso de saliva e que tinha cuspido por essa razão. Contudo, e como realçou Pollock, não produziu qualquer documento médico que sustente a sua tese nem se viu obrigado a cuspir durante todo o tempo em que esteve no tribunal.

A decisão do tribunal foi saudada por grupos judeus que trabalham pela liberdade religiosa e que há muito tempo têm chamado atenção para o fenómeno de jovens de bairros ultra-ortodoxos que insultam e cospem contra clero cristão.