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"A Igreja é uma realidade em reforma permanente", diz patriarca

12 ago, 2015 • Eunice Lourenço

D. Manuel Clemente fala esta quarta-feira, em Taizé, sobre a renovação na Igreja no encontro que assinala os 75 anos daquela comunidade ecuménica.

"A Igreja é uma realidade em reforma permanente", diz patriarca

A Igreja está em permanente renovação, diz D. Manuel Clemente, antecipando a conferência que dá esta quarta-feira em Taizé. O patriarca de Lisboa é um dos convidados do Encontro para uma Nova Solidariedade, a iniciativa com que aquela comunidade ecuménica assinala o triplo aniversário que está a viver este ano.  

"A Igreja é uma realidade em reforma permanente. O que procuramos é que a forma inicial como a comunidade de Jerusalém viveu e as outras comunidades de que nos falam os Actos dos Apóstolos e os escritos do Novo Testamento seja retomada. Depois, claro, as coisas vão evoluindo, vão mudando aqui e acolá, conforme os tempos e os séculos, levamos dois mil anos de aventura cristã. Mas é sempre bom reformarmos na forma primitiva que as cosias têm e acho que é isso que o Papa Francisco tem feito e tem feito com muito entusiasmo e isso galvaniza-nos a todos", disse D. Manuel Clemente aos jornalistas antes de partir para França.

Com o patriarca de Lisboa, partiram de autocarro mais de 50 jovens de Lisboa para viver uma semana na colina de Taizé, onde há 75 anos católicos, protestantes e ortodoxos rezam em conjunto.

"Não sou eu que vou com eles, são eles que vêm comigo", graceja D. Manuel, que foi convidado pelo actual prior da Comunidade de Taizé, o irmão Alois, para participar esta semana no Encontro para uma Nova Solidariedade, a iniciativa com que Taizé assinala este ano um triplo aniversário: os 75 anos da sua fundação, os 100 anos do nascimento do seu fundador, Roger Schultz, e os 10 anos da sua morte.

D. Manuel conheceu o irmão Roger. Foi há mais de 40 anos quando foi àquela comunidade pela primeira vez e se deixou surpreender pelo ambiente de oração e diálogo.

"Foi em 1974, logo a seguir à revolução aqui em Portugal. Fui com três amigos, passei lá uma semana. Foi muito importante, porque em 1974, não só como as coisas estavam aqui em Portugal - um pouco alvoroçadas, compreensivelmente, e com muitas interrogações para muita gente e com muita esperança também - , mas ainda no rescaldo da minha geração, que é a geração que chegou aos 20 anos nos anos 60, em que tudo parece que na sociedade europeia e na própria Igreja estava a mudar muito depressa e não sabíamos muito bem onde assentar os pés, Taizé foi uma experiencia muito marcante", recorda o agora cardeal patriarca de Lisboa. 

Para o então seminarista Manuel Clemente, a "grande surpresa" foi "encontrar ali jovens de toda a Europa, mesmo do lado de lá da 'Cortina de Ferro', num ambiente de partilha, de comunhão e de oração".

Hoje, para o patriarca de Lisboa, Taizé é verdadeiro laboratório de reconciliação, onde o mundo tem muito a aprender.

"De facto, à volta do Evangelho, da meditação, da partilha, cristãos de vários ramos deste cristianismo tão variado, mas ao mesmo tempo tão unificado na pessoa de Jesus Cristo, respeitando as diferentes tradições e não querendo fazer misturas abusivas, Taizé é um autêntico laboratório de reconciliação para o mundo. Muitas vezes a reconciliação não o é porque é apressada de mais e esquece coisas que não se deve esquecer", avisa D. Manuel Clemente.