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Morreu Ricardo Neves, pároco do Estoril

06 ago, 2015 • Filipe d’Avillez

O padre Ricardo Neves, de 42 anos de idade, não resistiu a um cancro detectado em Setembro de 2014. A partir das 20h00, o corpo vai estar na Igreja da Boa Nova, no Estoril.

Morreu esta  quinta-feira, aos 42 anos, o padre Ricardo Neves, que, ao longo dos últimos anos, foi pároco do Estoril. O sacerdote estava internado há várias semanas no Hospital de São José, desde que o seu estado de saúde se agravou.

Em Setembro de 2014, foi-lhe diagnosticado cancro intestinal, já em fase avançada, e os tratamentos a que foi sujeito entretanto não surtiram o efeito desejado. Fontes próximas do sacerdote dizem que os seus últimos dias foram vividos com grande serenidade e paz interior.

A partir das 20h00, o corpo vai estar na Igreja da Boa Nova, no Estoril. Mais tarde decorre uma missa presidida por D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa.

As exéquias decorrem sexta-feira, às 11h00, e serão presididas pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. Segue-se o funeral, em cortejo, para o cemitério da Galiza (Alto dos Gaios).

O padre Ricardo entrou para o seminário com  15 anos e foi ordenado em 1997. Passou vários anos a trabalhar no seminário de Caparide, em Lisboa, na formação de candidatos ao sacerdócio. A nomeação para o Estoril foi a sua primeira missão como pároco.

Foi na qualidade de responsável pelo seminário de Caparide que Ricardo Neves fez parte da série “Vidas Consagradas”, uma reportagem da Renascença em que foram entrevistados vários padres ao longo do Ano Sacerdotal, em 2009 e 2010. Nessa entrevista, o padre explicava o que significava para si o sacerdócio. “Para mim, é uma experiência muito dolorosa e muito feliz. Porque me tem chamado a viver ao limite de mim como pessoa e ao limite do que sou capaz de dar e do que sou capaz de receber de Deus. Portanto, nisso tem sido uma experiência muitíssimo feliz, de encontro às maravilhas que Deus faz nas vidas das pessoas, da forma como Jesus é capaz de mudar a vida de uma pessoa, o coração de uma pessoa, e para mim é surpreendente como Jesus é capaz de fazer isso através de uma pessoa como eu", afirmava.

“E tem tido momentos de sofrimento porque amar dói. Há aqui umas medidas de amor que implicam deixar para trás coisas que eu gostava ou uns formatos que para mim eram mais confortáveis, e implica um debate com a minha fragilidade e com o meu pecado, que às vezes é dolorosa”, disse, ainda.

“Estar no meio de um ministério tão grande, estar no meio da vida das pessoas que é encontrar em mim coisas mesquinhas, menores, é um debate complicado. Para mim tem sido muito extraordinário o milagre que é poder estar no meio da vida das pessoas, o sacerdote tem o privilégio de poder estar na intimidade das pessoas, no santuário mais interior das pessoas, e aí ser condutor. Isso para mim é extraordinário”, concluia.

Numa nota enviada pela paróquia do Estoril à Renascença, o Patriarca D. Manuel Clemente, que conhecia o padre Ricardo muito bem e há vários anos, escreve o seguinte testemunho. “O Padre Ricardo Neves marcou a sua geração sacerdotal a vários níveis, belíssimos todos. Entre os seus colegas de seminário, era naturalmente líder, pela inteligência, pela sensibilidade, pelo entusiasmo. Entre os seus seminaristas, depois, juntava um alto grau de discernimento com a relação próxima, fraterna e estimulante. Para quem o escolheu como director espiritual, de perto ou mais longe, foi determinante para o sentido cristão da existência e a fidelidade certa aos compromissos. Para os seus paroquianos, foi um pastor de todas as horas, de todos os projectos, de aplicação sacerdotal inteira. Foi-o também nos longos meses da sua doença, de que fez cruz salvadora”.

[Notícia actualizada às 18h52]