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Papa evocou história de S. João Bosco

21 jun, 2015 • Aura Miguel

Sumo Pontífice também já esteve com doentes e deficientes e ainda vai encontrar-se com jovens.

Francisco continua com um dia intenso na cidade italiana de Turim. Na tarde de domingo, o Papa encontrou-se com os salesianos e também, privadamente, com doentes e deficientes.

Papa aos Salesianos
O encontro com os salesianos decorreu na Basílica de Maria Auxiliadora. Acolhido por milhares de salesianos em festa, Francisco fez questão de colocar um ramo de flores em cima do altar principal. O Papa pôs de lado o discurso previamente preparado, entregando-o ao Superior Geral “para depois fazer chegar à grande família salesiana”. Francisco mostrou-se profundamente conhecedor do carisma salesiano, uma vez que os seus pais tinham como referência um sacerdote salesiano que os casou e baptizou os filhos.

Bergoglio confidenciou que foi esse mesmo padre salesiano quem o orientou na vocação e elogiou o papel e atenção dos “filhos de D. Bosco” que sempre acompanharam a juventude mais abandonada, criando os “oratórios” (locais de desporto e actividades ao ar livre junto à paróquia). No caso concreto do bairro de Buenos Aires onde vivia, foi o salesiano Padre Lorenzo, quem fundou o seu clube - “o mais famoso clube da Argentina”, disse o Papa - para “ajudar os jovens a criarem espírito de equipa e saírem da vida que levavam”.

Para assinalar a actualidade de São João Bosco, nos duzentos anos do seu nascimento, o Papa recordou que “naquela época, nos finais do séc. XIX, desta região de Itália, maçónica, cheia de ‘mata-frades’, anticlerical e até mesmo demoníaca – Turim é uma das rotas – quantos santos nasceram aqui! Façam as contas. O Senhor deu uma missão às famílias que nasceram naquele tempo. Hoje, muitas coisas melhoraram, mas a situação da juventude é praticamente a mesma… E D. Bosco, o que fez? Foi trabalhar com os rapazes. Arriscou. D. Bosco não teve vergonha de falar dos seus ‘três amores brancos’: Nossa Senhora, a Eucaristia e o Papa. É o que vos quero dizer, neste momento de grande crise contra a Igreja”.

Aos doentes e portadores de deficiência
Francisco visitou o “Cottolengo”, para um encontro com doentes e portadores de deficiência. Com o nome do seu fundador, São José Bento Cottolengo, esta instituição fundada há quase dois séculos, hoje espalhada pelo mundo, nasceu em Turim e acolhe marginalizados com deficiência e idosos.

Francisco denunciou que a longevidade “nem sempre é hoje vista como um dom de Deus mas como um peso difícil de aguentar” e que “esta mentalidade não faz bem à sociedade”.

Para o Papa, é preciso “desenvolver anticorpos contra este modo de considerar os idosos ou as pessoas com deficiência”, tal como se faz no Cottolengo,”que sempre amou estas pessoas”. Uma casa, cuja razão de ser “não é o assistencialismo, ou a filantropia, mas o Evangelho”, que dá “um outro olhar sobre a vida e sobre a pessoas humanas”.

O Papa já venerou o “Santo Sudário” numa visita de carácter profundamente religioso que fica também marcada pelas palavras de Francisco contra a máfia e a corrupção, frente a uma plateia de empresários e representantes do mundo laboral.

Igualmente face ao debate sobre a imigração que aumenta a popularidade dos partidos xenófobos na Europa lançou um apelo para que, “os imigrantes não sejam tratados como mercadorias”. O Papa lembrou que, “os migrantes são antes de mais vítimas da economia e das guerras”, em resposta ao discurso populista que acusa os estrangeiros de aumentarem o desemprego.

A visita ocorre a poucos quilómetros do local onde centenas de migrantes se encontram bloqueados desde há dias, na fronteira entre Itália e França.