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Desemprego é um "escândalo", dizem trabalhadores cristãos

01 mai, 2015 • Ângela Roque

No Dia do Trabalhador, a Liga Operária Católica acredita que fazem muita falta à Igreja organizações que reflictam sobre o mundo laboral de uma perspectiva cristã.

Desemprego é um "escândalo", dizem trabalhadores cristãos
O Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC) apela à construção de uma sociedade mais justa e fraterna, onde haja trabalho digno para todos.

Na sua mensagem para o dia 1 de Maio, o MMTC, criado em 1966, denuncia a exploração, o trabalho escravo e as desigualdades que permanecem em muitos países, e considera o desemprego "um escândalo" que atinge milhões de pessoas em todo o mundo e cada vez mais jovens na Europa.

São preocupações subscritas pela Liga Operária Católica, que integra este movimento. O coordenador da LOC, José Augusto Paixão, lamenta que, tantos anos depois de se ter começado a celebrar o Dia do Trabalhador, tenha de se continuar a reivindicar trabalho digno e justo para todos.

"Continua a haver muitas situações em que não há trabalho digno para todos e em que nem sequer muitas vezes há trabalho. Há, de facto, um índice de desemprego muito elevado", afirma.

Criada há 70 anos em Portugal, a LOC está presente em todas as dioceses do país, e tem neste momento cerca de 600 militantes.

O MMTC considera "um escândalo" o facto de milhões de pessoas continuarem fora do mercado de trabalho em todo o mundo e sublinha que no sul da Europa metade dos jovens estão desempregados. Este é um enorme problema dos nossos dias?
E é um problema que não era esperado. Houve muito tempo em que se dizia que não havia emprego para os jovens porque os jovens não estavam preparados e o que se verifica é que em Portugal os jovens nunca estiveram tão instruídos, com formação superior, e não é por isso que têm trabalho. E essa é de facto uma grande preocupação. Para além dos problemas naturais da falta de emprego, estes jovens não vêem futuro para organizar a sua vida, a sua família, para casar. A solução que têm é sair do país.

O desemprego continua a ser a principal preocupação da LOC?
A LOC tem uma grande preocupação com a dignidade do trabalho, a necessidade de um trabalho digno. Mas naturalmente que a grande preocupação é o desemprego e é também a precariedade no emprego. Há os que têm trabalho, mas sem qualquer segurança, e também há aqueles que trabalham, mas que, apesar de trabalharem, são pobres.

Fazem falta à Igreja movimentos como a LOC para reflectirem sobre a situação dos trabalhadores e do mundo laboral em geral?
Claro que sim. A LOC é uma das organizações que integra o MMTC e foi fundadora deste movimento. É muito importante que se sinta, e os militantes da LOC têm essa noção, de que não estão sozinhos, estão juntos com outros movimentos da Europa, por exemplo, porque também fazemos parte do Movimento dos Trabalhadores Cristãos Europeus.

É importante que os movimentos que têm uma perspectiva cristã do próprio trabalho e da dignidade humana possam estar, reflectir e perspectivar as suas actividades em conjunto

A entrevista a José Augusto Falcão vai ser transmitida no programa Princípio e Fim, da Renascença, domingo, a partir das 23h30.