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Reportagem

"Normalmente estaria a mandar currículos". A pedido do Papa foi rezar

13 mar, 2015 • Filipe d'Avillez (texto) e Joana Bourgard (fotos)

Francisco desafiou a Igreja a 24 horas de oração, reconciliação e adoração eucarística. Em Portugal foram muitos os movimentos e paróquias que aceitaram a proposta.

"Normalmente estaria a mandar currículos". A pedido do Papa foi rezar
Às 11h30, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, são apenas cinco ou seis, mas desde as 8h00 que estão pelo menos uma ou duas pessoas a "fazer companhia" a Jesus, nas palavras de António Brandão de Vasconcelos.

"Nas Equipas de Jovens de Nossa Senhora decidimos aceitar o desafio do Papa Francisco para estes dois dias. Decidimos ter esta iniciativa, desde as 8h00 até às 18h30 – quando rezamos o terço – ficamos aqui um bocadinho a fazer companhia", explica.

Organizaram-se por turnos, garantindo assim que há pelo menos uma ou duas pessoas na Igreja. "Mas quem quiser pode passar por cá e aproveitar para rezar um bocadinho."

Este é o segundo ano que o Papa Francisco convoca os católicos a fazerem 24 horas de oração. No ano passado surpreendeu o mundo ao ser a primeira pessoa a ir confessar-se na iniciativa em Roma, indo de seguida para o confessionário ouvir confissões de outros durante 40 minutos. 

Maria Jardim chegou há meia hora do liceu Pedro Nunes, que fica mesmo ao fundo da rua. Explica como se reza diante do Santíssimo Sacramento: "Estava agora a ler um texto que nos fala sobre estar com Jesus e falar com Ele como se fosse um amigo, com quem estamos todos os dias, com quem temos conversas e contar o que se passa na nossa vida."

"Estava a fazer isso, a pedir pelos meus estudos e por outras coisas que preciso nesta altura e que sei que se pedir me vai ser dado", afirma.

Para esta estudante do 12º ano, contudo, a oração diante do Santíssimo Sacramento não é uma novidade. "Noto como jovem que não temos este hábito de estar com o Senhor com o Santíssimo presente, na adoração. Tenho vindo a fazer todos os dias e é inacreditável o poder que tem a adoração ao Santíssimo."

A maior parte das actividades durante o dia, em Santa Isabel como noutras igrejas, estão marcadas para a tarde, quando as pessoas saem dos empregos ou das aulas e têm mais facilidade em participar.

Quem consegue está em adoração eucarística a estas horas é porque já acabou as aulas ou tem o tempo livre, como o caso de António. Ainda assim, esta não é uma actividade normal para uma sexta-feira ao fim da manhã: "Provavelmente eu e estas pessoas não estaríamos aqui a esta hora. Eu estaria a preparar uma explicação, que tenho logo à tarde, ou a mandar currículos."

Para António Brandão de Vasconcelos, um dos grandes atractivos deste dia é o facto de toda a Igreja estar unida a nível mundial: "A ideia é sobretudo que consigamos parar, neste tempo de Quaresma. Neste tempo os desafios que temos são o jejum, a oração e a caridade. Muitas vezes deixamos passar a oração, sem dar a devida importância. O Papa quer marcar um ponto muito concreto e claro de oração durante estas 24 horas, com a vantagem gira de estar a Igreja toda unida."