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Jean Vanier. Defensor da dignidade dos deficientes vence prémio Templeton

11 mar, 2015 • Filipe d’Avillez

“São pessoas de coração. Não têm uma agenda escondida de busca de poder ou de sucesso”, afirmou sobre os portadores de deficiência.  

Jean Vanier. Defensor da dignidade dos deficientes vence prémio Templeton
Jean Vanier, fundador das comunidades A Arca e do movimento Fé e Luz, que dedicou a sua vida à promoção da dignidade das pessoas com deficiência mental, venceu esta quarta-feira o prémio Templeton, um das mais importantes distinções internacionais na área da religião.

Nascido na Suíça, em 1928, Vanier começou o seu apostolado em 1964 quando convidou dois portadores de deficiência para viver com ele. Essa semente viria a transformar-se no movimento L’Arche, ou A Arca, onde deficientes e pessoas sem deficiência vivem em comunidade. Actualmente existem, em todo o mundo, 147 comunidades da Arca.

Vanier também esteve na génese da fundação do movimento Fé e Luz, um grupo de apoio para deficientes e famílias que procura estimular e trabalhar a vertente espiritual dos deficientes. O movimento está presente em 82 países, incluindo Portugal.

Questionado sobre a sua devoção às pessoas deficientes mentais, descreveu-as da seguinte maneira: “Essencialmente são pessoas do coração. Quando conhecem outras pessoas não têm uma agenda escondida de busca de poder ou de sucesso. O seu grito, o seu grito fundamental, é um apelo à relação, um encontro de corações. É este encontro que os desperta, que os abre à vida e que os chama a amar em grande simplicidade, liberdade e abertura”.

Falando numa conferência de imprensa, em Londres, Vanier prosseguiu: “Quando as pessoas que vivem numa cultura de ganho e de sucesso individual os conhecem de facto, e entram em relação com eles, acontece uma coisa incrível e maravilhosa. Também elas se abrem ao amor e até a Deus. São mudadas a um nível muito profundo. São transformadas e tornam-se mais humanas”.

O prémio Templeton é atribuído pela fundação John Templeton e tem por objectivo distinguir pessoas que tenham feito “contribuições excepcionais” para a afirmação da dimensão espiritual da vida. O prémio tem o valor de cerca de 1,8 milhões de euros. Vanier já afirmou que vai doar a totalidade do dinheiro às instituições com as quais trabalha, para poderem expandir o seu trabalho.