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Instituto Monsenhor Airosa: 150 anos a acolher no feminino

02 mar, 2015 • Isabel Pacheco

São 20 as jovens que se encontram, actualmente, na instituição de Braga. São meninas, com idades entre os 12 e os 21 anos, sem rectaguarda familiar e, sobretudo, sem afectos. "Um só caso de sucesso já vale a pena todo o nosso esforço", diz a directora-geral da instituição.

O Instituto Monsenhor Airosa, em Braga, soma 150 anos a acolher no feminino. A missão nasceu após uma reflexão do padre João Pedro Airosa (1836-1931), em tempo de Quaresma, recorda, em declarações à Renascença, o director da instituição, Luís Gonzaga: "Nessa reflexão, o padre Airosa era confrontado com o propósito de muitas mulheres desviadas de se regenerarem, de encontrarem outro tipo de vida, pois a falta de ocupação, de meios económicos originava a caída em desgraça, como nessa altura se falava".

Hoje, o contexto é diferente, mas o espirito mantêm-se. "Há umas dezenas de anos que evoluiu para outros parâmetros de actuação. Embora a missão fundamental seja a mesma - pegar em pessoas do sexo feminino em dificuldades , dificuldades variadíssimas de desintegração e tentar a sua integração, apoio e habilitação, tendo em vista a integração plena".

São 20 as jovens que se encontram, actualmente, na instituição, em preparação para a vida. São meninas com idades entre os 12 e os 21 anos, sem rectaguarda familiar e, sobretudo, sublinha a directora técnica do Instituo Monsenhor Airosa, Gabriela Silva, sem afectos: "Estas crianças e jovens foram vivenciando experiências de demissão. Daí, serem jovens muito materialistas que valorizam muito o 'ter', porque nunca souberam o que é receber".
 
Neste tipo de quadro, explica Gabriela Silva, "a substituição dos afectos pelo consumo de substâncias que é algo que se vai agravando ao longo do tempo".

"É preciso fazer um trabalho de reforço do sentimento de confiança, de modo a que estas jovens possam progredir na vida. Mostrar-lhes que é possível construir um projecto de vida realista, em função de tudo o que viveram e das suas competências, e mostrar que, independentemente de tudo o que possam ter passado, é possível serem alguém e construir um futuro diferente, um futuro bom".

A preparação para um futuro melhor tem na religião, na instrução e no trabalho os pilares de orientação. São aqueles que foram traçados por monsenhor Airosa e que, passados 150 anos, orgulham todos os que estão ligados a esta trabalho.

"Dizemos sempre que um só caso de sucesso já vale a pena todo o nosso esforço. Temos algumas jovens que frequentaram [o instituto] e que continuamos a acompanhar e ajudar de alguma forma. Temos outras que estão no mundo do trabalho e que têm as suas famílias organizadas e isso deixa-nos de alguma forma orgulhosos", diz a directora-geral, Isabel Costa.

A obra do então padre Airosa começou como uma simples "casa de abrigo", mas rapidamente evoluiu. Hoje, assume nome do seu fundador, que dá também nome à rua da cidade de Braga onde se encontra o Instituto Monsenhor Airosa.