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Condenada à morte, Meriam não perdeu a fé porque "a fé é vida"

02 fev, 2015

Meriam Ibrahim, de 27 anos, foi julgada no Sudão por causa da sua fé cristã. Após uma onda de solidariedade mundial foi libertada em Junho de 2014, mas durante os meses na prisão nunca abdicou da sua religião.

Condenada à morte, Meriam não perdeu a fé porque "a fé é vida"
Foi condenada à morte no Sudão por apostasia, deu à luz na prisão "acorrentada ao chão" e o seu destino esteve por um fio. Uma onda de solidariedade global salvou Meriam Ibrahim. "Saber que o mundo estava do meu lado deu-me esperança".

"[O meu marido] Daniel contou-me sobre todas as pessoas que me defenderam e que me encorajaram a apoiar-me na minha fé [cristã]", disse a sudanesa de 27 anos, em entrevista ao jornal "The Guardian".

Meriam passou vários meses numa prisão no Sudão, depois de ter sido acusada de apostasia, por ter casado com um cristão.

O caso provocou uma onda de solidariedade em todo o mundo e a atenção de vários organismos e figuras políticas. Uma petição da Amnistia Internacional conseguiu mais de um milhão de assinaturas e Meriam foi libertada a 23 de Junho de 2014.

Quando saiu do país, visitou o Papa no Vaticano, antes de se exilar nos Estados Unidos, onde hoje vive com o seu marido e os seus dois filhos.


Meriam esteve com o Papa Francisco no Vaticano. Foto: EPA

Durante todo o período de encarceramento, a mãe de 27 anos diz que não perdeu a fé porque "a fé é vida". "Lembro-me sempre da imagem de Jesus e de que ele morreu na cruz por nós. Devemos amá-lo e defendê-lo", disse Meriam ao "Guardian".

"Estou feliz, apesar das circunstâncias difíceis. O que aconteceu, o que enfrentei foi um teste à minha fé… Tive êxito porque estou certa do que faço", acrescenta.

A sudanesa foi presa juntamente com o seu filho, Martin (com menos de dois anos na altura), e deu à luz Maya ainda na prisão.

"Quando o meu filho [Martin] chorava e dizia que queria o pai, os guardas batiam-lhe e diziam-lhe 'tu não tens pai'", conta. "Foi um período difícil".

Meriam culpa o Estado do Sudão. "Apoia os extremistas e a perseguição religiosa dos cristãos no Sudão", acusa na entrevista de "Guardian".

A cristã apelou ao Governo que se reconheça como um país de múltiplas "raças e religiões" onde todos têm os seus direitos, uma mudança vital para "assegurar um futuro para as próximas gerações".

No futuro, Meriam quer escrever um livro sobre a sua experiência e criar uma organização de apoio às pessoas que trabalham contra as perseguições religiosas e que apoiam as mulheres na prisão.