10 jan, 2015 • Teresa Almeida
“Reza por nós”, diz um muçulmano para uma católica com quem está casado há 25 anos. O respeito pelas religiões que professam é mútuo e é assim que gostava que toda a gente visse os árabes.
Em declarações à Renascença, Tarek El-hasmin condena o atentado em França e garante que o Islão não é isto. Fala dos dois terroristas que atacaram o jornal “Charlie Hebdo” como muçulmanos radicais, fanáticos, com os quais não concorda.
Michel, nome que adoptou depois de ter começado a trabalhar no Luxemburgo, porque a sua patroa não conseguia reproduzir o seu nome árabe, está na Europa Ocidental há mais de meio século.
Garante que não sentiu “nenhuma” dificuldade em adaptar-se. “Na Tunísia estamos habituados ao turismo e aos turistas e senti-me sempre preparado”, explica.
Primeiro no Luxemburgo, depois em Portugal, este tunisino, mantém as tradições árabes. “Todos os dias vou à mesquita, faço as minhas rezas. Não bebo álcool, cumpro as minhas tradições muçulmanas”, remata Tarek ou Michel.
Devoto de Alá, é casado há 25 anos com uma portuguesa, católica. Diz Tarek que em casa nunca houve uma discussão sobre religião que professam. “Ela respeita a minha religião e eu respeito a dela. Ela vai todos os domingos à Igreja e antes de o fazer liga-me e diz-me que vai lá e até respondo: reza por nós”.
Tarek não se sente mal em entrar em Igrejas Católicas. Garante que já o fez muitas vezes, já foi a baptizados, comunhões e casamentos. “A isto chama-se respeito”, sublinha.
E é por esse respeito que Tarek diz não aceitar o que se passou em França. “O Islão não é isto, não há nada no Corão que diga isto. Para mim, isto é terrorismo e fanatismo. Nada tem a ver com a minha religião”, frisa.
Emocionado e quase sem palavras, acaba por dizer que o que viu em França o deixou “muito chocado”.
É por sentir que em Portugal há paz, e que não há racismo, na há confusão, não há atentados que quer continuar a viver no Porto onde tem um Kebab.“É um paraíso na Terra”, remata Tarek.