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Auschwitz lembra o que acontece "quando o mundo fica em silêncio"

30 dez, 2014

Passados 70 anos da libertação do campo de concentração, o presidente do Congresso Mundial Judaico alerta para anti-semitismo "emergente" na Europa.

Auschwitz lembra o que acontece "quando o mundo fica em silêncio"
O 70.º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, que se assinala este Janeiro, é uma boa oportunidade para recordar, numa época de “anti-semitismo emergente”, o que acontece “quando o mundo fica em silêncio” perante a perseguição, disse o presidente do Congresso Mundial Judaico.

Ronald Lauder considera que o anti-semitismo atingiu, actualmente, “níveis que não eram vistos desde a Segunda Guerra Mundial”, reflectidos em acções levadas a cabo por extremistas islâmicos e nacionalistas de extrema-direita na Europa.

Em entrevista à agência Reuters, lembrou ainda que esta será a última grande comemoração que os sobreviventes poderão presidir, sendo que os mais novos têm agora pelo menos 70 anos.

Este ano, o Congresso Mundial Judaico tenciona levar cerca de 100 sobreviventes e respectivos familiares à Polónia para quer possa participar nas comemorações.

O campo de Auschwitz, no sul da Polónia, foi libertado pelas tropas soviéticas no dia 27 de Janeiro de 1945, depois de 1.5 milhões de pessoas, na sua maioria judeus, terem sido mortas por soldados nazis entre 1940 e 1995. 

Piores incidentes de 2014
A entrevista surge um dia depois de o Centro Simon Wiesenthal, que chama atenção para o anti-semitismo, ter publicado uma lista dos dez piores incidentes contra judeus em 2014. No topo da lista está o caso de um médico belga que recusou tratar uma judia de 90 anos que estava com dores, dizendo: "Mandem-na para Gaza durante um par de horas, passam-lhe logo as dores".

Em segundo lugar está o caso dos deputados jordanos que pediram um minuto de silêncio para homenagear os dois palestinianos que assassinaram quatro rabinos que estavam a rezar numa sinagoga, em Israel. Os deputados afirmaram que queriam "glorificar as suas almas puras bem como as de todos os mártires das nações árabes e muçulmanas".

Grande parte dos incidentes foram motivados pela guerra em Gaza, incluindo o apelo por parte de um cronista turco para que os judeus turcos pagassem um imposto especial, destinado a ajudar à reconstrução do território.

Seis dos incidentes tiveram lugar na Europa, incluindo o 10º da lista, de um grupo de rapazes de uma escola judaica que foram impedidos por um segurança de entrar numa loja de artigos desportivos, no Reino Unido. Quando reconheceu as fardas o guarda terá dito "Nada de judeus, nada de judeus". A loja acabou por pedir desculpa e o segurança foi despedido.