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Um copo de água por Asia Bibi e contra a injustiça religiosa

10 dez, 2014 • Inês Alberti

Bastaram alguns copos de água para Portugal se associar a campanha mundial contra o enforcamento da paquistanesa cristã, acusada de blasfémia por beber água de um poço. 

Um copo de água por Asia Bibi e contra a injustiça religiosa
"Escrevo-vos do fundo da minha prisão em Sheikhupura, no Paquistão, onde estou a viver os meus últimos dias. Talvez as minhas últimas horas. Foi o que me disse o tribunal que me condenou à morte". Assim escrevia, em 2011, Asia Bibi, no livro "Blasfémia. Condenada à morte por um copo de água". A mesma obra passou de mão-em-mão esta quarta-feira na livraria Aletheia em Lisboa, durante um evento organizado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

Esta organização, dependente da Santa Sé, juntou-se esta quarta-feira, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a uma campanha internacional de solidariedade por Asia Bibi.

Durante todo o dia foi sugerido ao mundo que tirasse uma fotografia a beber um copo de água, representando uma posição contra a injustiça, a falta de liberdade religiosa e o silêncio.

A cristã, mãe de quatro filhos, está presa há cinco anos, à espera da ordem de enforcamento, depois de ter sido julgada por blasfémia por ter bebido água de um poço reservado exclusivamente a muçulmanos.

"A Asia é um símbolo para os cristãos", disse aos jornalistas Zita Seabra, fundadora da Aletheia, a editora em Portugal do livro de Asia Bibi.

Deputado José Ribeiro e Castro associou-se à iniciativa. Foto: Inês Alberti/RR

"Uma mulher a quem já foi proposto muitas vezes que renegasse a fé cristã, que seria libertada imediatamente se passasse a ser muçulmana, e ela não renegou a fé (nem ela nem o marido nem os filhos), merece um gesto de solidariedade do mundo inteiro", explica.

Também presente no evento de solidariedade, onde todos os presentes beberam um copo de água simbólico, esteve o deputado José Ribeiro e Castro.

"Este é um caso particularmente simbólico. Primeiro, porque está a acontecer. Segundo, porque não há pena maior que possa ser aplicada a quem sofre a perseguição religiosa – como é o caso da Asia Bibi – do que o silêncio", considera.

Como Asia, muitos outros cristãos são perseguidos pela sua escolha religiosa e obrigados a abandonar as suas cidades. É o caso dos "crentes nas Jordânia, Líbano e zonas curdas sob o controlo do Estado Islâmico", enumera Paulo Aido, da Ajuda à Igreja que Sofre.

"Há milhares e milhares de cristãos que vivem totalmente dependentes da ajuda internacional. Não sabem o que vão jantar o que vão almoçar o que vão vestir aquilo que podemos fazer por eles é aquilo que nos ajudarem a fazer por eles", diz.

Paulo apela à oração e à ajuda por parte de todos os portugueses até porque o trabalho da Ajuda à Igreja que Sofre só "se torna eficaz se os portugueses abraçarem" causa.