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Natureza do casamento não foi posta em causa no sínodo, explica Papa

10 dez, 2014 • Filipe d’Avillez

Francisco explica que houve discussão no sínodo e mesmo troca de palavras fortes, mas que este é um caminho percorrido pela Igreja desde os tempos dos apóstolos.  

Natureza do casamento não foi posta em causa no sínodo, explica Papa
A natureza do casamento não foi posta em causa durante o sínodo da família que decorreu em Outubro passado, disse esta quarta-feira o Papa Francisco.

O Papa aproveitou a audiência geral das quartas-feiras para explicar aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro o que verdadeiramente se tinha passado durante o encontro dos bispos uma vez que, segundo Francisco, a cobertura mediática tendeu a apresentar os trabalhos como crónicas desportivas ou políticas.

"Falava-se frequentemente de duas facções, a favor e contra, conservadores e progressistas. Hoje vou-vos contar o que se passou no sínodo", disse o Papa, que esteve presente durante a totalidade dos trabalhos.

Para começar, afirmou Francisco, "nenhuma intervenção pôs em questão as verdades fundamentais do sacramento do matrimónio, isto é: a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a abertura à vida. Isto não foi tocado".

Mas o Papa também foi claro ao dizer que a discussão foi aberta e franca, como ele próprio tinha pedido: "Alguns de vós poderão perguntar-me: 'Os padres sinodais discutiram?'. Pois, não só discutiram como usaram palavras fortes, sim, é verdade. A liberdade é assim, é próprio da liberdade que existe na Igreja".

Francisco explicou as diferentes fases do processo do sínodo, incluindo a redacção do relatório intercalar, provavelmente o documento mais polémico, referindo o facto de a sua elaboração ter sido da responsabilidade do cardeal Erdö, apesar de, a dada altura na apresentação do mesmo, este ter dado a entender que partes do texto, pelo menos, não eram da sua autoria.

Porém, Francisco deixou claro que os únicos textos oficiais do sínodo são a mensagem final, o discurso do Papa e a relação final, que servirá agora de base para os trabalhos do próximo sínodo, que terá lugar em Outubro de 2015.

Sobre o método de trabalho do sínodo, Francisco deixou claro que não se trata de um parlamento: "Vêm representantes das diferentes igrejas, mas a estrutura não é parlamentar, é totalmente diferente. O sínodo é um espaço seguro onde o Espírito Santo pode operar; não houve confrontos entre facções, como acontece num parlamento, mas um confronto entre bispos, que vieram depois de um longo trabalho de preparação e que agora continuarão com outro, para o bem da família, da Igreja e da sociedade".

Este é o método sinodal que tem as suas raízes nas discussões entre os próprios apóstolos, que vêm relatados nos Evangelhos, insistiu o Papa Francisco.