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Papa: Mundo espera que crentes sejam homens e mulheres de paz

28 nov, 2014 • Filipe d’Avillez

Francisco realçou a convergência de valores entre muçulmanos e cristãos como forma de combater o extremismo no Médio Oriente.  

Papa: Mundo espera que crentes sejam homens e mulheres de paz
Referindo-se à situação de terror lançada pelo grupo terrorista Estado Islâmico na Síria e no Iraque, Francisco dirigiu-se aos líderes religiosos e civis com quem se encontrou para realçar que os crentes devem ser pessoas de paz.
A religião nunca deve ser utilizada para justificar a violência, afirmou esta tarde o Papa Francisco, durante a sua visita à Turquia.

Referindo-se à situação de terror lançada pelo grupo terrorista Estado Islâmico na Síria e no Iraque, Francisco dirigiu-se aos líderes religiosos e civis com quem se encontrou para realçar que os crentes devem ser pessoas de paz: "Como chefes religiosos, temos a obrigação de denunciar todas as violações da dignidade e dos direitos humanos. A vida humana, dom de Deus Criador, possui um carácter sagrado. Por isso, a violência que busca uma justificação religiosa merece a mais forte condenação, porque o Omnipotente é Deus da vida e da paz." 

"O mundo espera, de todos aqueles que afirmam adorá-Lo, que sejam homens e mulheres de paz, capazes de viver como irmãos e irmãs, apesar das diferenças étnicas, religiosas, culturais ou ideológicas", disse.

O apelo do Papa seguiu-se a uma descrição detalhada da perseguição que tem sido levada a cabo pelos islamitas do autoproclamado Estado Islâmico: "Verdadeiramente trágica é a situação no Médio Oriente, especialmente no Iraque e na Síria. Todos sofrem com as consequências dos conflitos, e a situação humanitária é angustiante. Penso em tantas crianças, nos sofrimentos de tantas mães, nos idosos, nos deslocados e refugiados, nas violências de todo o género."

"Particularmente preocupante é o facto de que, sobretudo por causa de um grupo extremista e fundamentalista, comunidades inteiras – especialmente de cristãos e yazidis, mas não só – sofreram, e ainda sofrem, violências desumanas por causa da sua identidade étnica e religiosa. Foram expulsos à força das suas casas, tiveram de abandonar tudo para salvar a sua vida e não renegar a fé. A violência abateu-se também sobre edifícios sagrados, monumentos, símbolos religiosos e o património cultural, como se quisessem apagar todo o vestígio, qualquer memória do outro."

Francisco insiste que não basta condenar estas situações, é preciso agir para melhorar a situação e essa é uma responsabilidade que cabe de forma particular aos líderes religiosos: "Nós, muçulmanos e cristãos, somos depositários de tesouros espirituais inestimáveis, entre os quais reconhecemos elementos de convergência, embora vividos segundo as tradições próprias: a adoração de Deus misericordioso, a referência ao patriarca Abraão, a oração, a esmola, o jejum... elementos que, vividos sinceramente, podem transformar a vida e dar uma base segura para a dignidade e a fraternidade dos homens."

A visita do Papa ao presidente do Directório dos Assuntos Religiosos, que coordena e supervisiona a actividade religiosa no país, foi o último acto oficial de Francisco esta sexta-feira na Turquia. No sábado, Francisco encontra-se em Istambul com o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, uma das principais figuras do Cristianismo ortodoxo no mundo.