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Canelas

Bispo auxiliar de Lisboa faz apelo ao padre Roberto

26 nov, 2014

"Gostava de ver o padre Roberto Sousa tomar uma posição pública de tentar acalmar as pessoas e mostrar que a substituição de um pároco é uma realidade normal na vida da Igreja”, afirma D. Nuno Brás.

Bispo auxiliar de Lisboa faz apelo ao padre Roberto

O bispo auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, pede ao antigo pároco de Canelas que venha a público apelar à calma da população que contesta a sua saída.

“Gostava de fazer um apelo ao padre Roberto Sousa no sentido de ser ele próprio a acalmar as pessoas”, disse D. Nuno Brás no debate de actualidade religiosa, às quartas-feiras à noite, na Renascença.

O padre Roberto Sousa sai da paróquia de Canelas, “mas continuará o seu ministério sacerdotal noutro lado, não deixará de exercer o seu ministério e de estar com as pessoas”, sublinha.

O bispo auxiliar de Lisboa reforça que gostava de ver o padre Roberto Sousa “a tomar esta posição pública de tentar acalmar as pessoas e mostrar que a substituição de um pároco é uma realidade normal na vida da Igreja”.

“O pároco não está numa paróquia como um funcionário público está numa repartição. A paróquia faz parte de uma realidade maior, que é a diocese”, sublinha.

Uma situação "muito triste"
Os paroquianos de Canelas não aceitam a saída do sacerdote e têm manifestado publicamente o seu desagrado. O novo padre tem sido recebido com protestos e já teve de deixar a igreja escoltado pela polícia.

O bispo auxiliar de Lisboa considera “muito estranho que tudo isto aconteça, sobretudo as agressões ao novo pároco, a entrar e a sair da Igreja sob escolta policial”.

D. Nuno Brás salienta que esta não é uma situação “muito normal”, mas, "se calhar, se não tivesse havido todo este ruído mediático à volta, muito possivelmente não haveria nada disso” e as coisas já teriam sido resolvidas.
   
“Não creio que as pessoas de Canelas queiram ficar fora da Diocese ou ter uma atitude de rebeldia contra o bispo diocesano, no sentido de comunhão, de vida cristão, não querem deixar de ser cristãos, não querem deixar a vida sacramental. É muito triste”, sublinha.

A população, adianta, considera que o padre "é deles" e que o bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, "tem que fazer a sua vontade". 

"Sinceramente acho que isto não faz sentido. “O senhor bispo já dialogou. Não me parece que haja sequer o mínimo de condições para que o senhor bispo vá à paróquia. Sairia de lá como o novo pároco, com escolta policial”, diz D. Nuno Brás.  
 
No programa de actualidade religiosa da Renascença, o jurista Pedro Vaz Patto, ressalvando não conhecer o caso em pormenor, defende que “na Igreja, a unidade é fundamental. A unidade constrói-se através do diálogo, mas também através da obediência. A autoridade do bispo é o garante dessa unidade.”

A Diocese do Porto já repudiou o que apelida de acontecimentos "graves" que colocam em causa a vida cristã das pessoas a unidade da Igreja e a paz social. Pede aos cristãos um testemunho de fé em Cristo e a criação de um ambiente para que essa fé possa ser celebrada e que a paz social possa ser reencontrada.

A Diocese divulgou, também, um memorando de duas páginas assinado pelo Bispo do Porto onde D. António Francisco dos Santos vem esclarecer o que aconteceu no diálogo com o padre Roberto Sousa.