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Vídeo mostra alegada conivência entre soldados turcos e Estado Islâmico

27 out, 2014 • Filipe d’Avillez

Imagens captadas furtivamente mostram alegados membros do Estado Islâmico a falar calmamente com soldados turcos, a quem acenam, depois de roubar e destruir propriedade de curdos de Kobani.  

Vídeo mostra alegada conivência entre soldados turcos e Estado Islâmico
Um vídeo publicado esta segunda-feira mostra aquilo que parece ser conivência entre militantes do Estado Islâmico e membros das forças armadas turcas, junto à fronteira entre a Turquia e a Síria.

As imagens, filmadas pela agência DiHA, conhecida por ser próxima da causa curda, mostram cinco homens, alegados membros do Estado Islâmico, num local perto da fronteira onde muitos habitantes da cidade curda de Kobani, que está actualmente sitiada pelos islamitas, deixaram os seus veículos antes de fugir para a Turquia.

Segundo os jornalistas que filmaram a cena, os homens terão roubado tudo o que era útil ou de valor dos automóveis, queimando algumas coisas. Quando terminam o que foram fazer partem de novo, mas é aí que dois dos membros do Estado Islâmico, armados, começam a acenar para o lado turco da fronteira.

Nessa altura chega um veículo militar com sete soldados turcos. Os soldados saem do carro com armas mas em nenhuma altura a situação fica tensa. Pelo contrário, os alegados islamitas aproximam-se da cerca que separa os dois países e conversam com os soldados. O vídeo dura poucos minutos, mas a agência diz que a conversa durou cerca de meia hora, antes de os militantes se afastarem.

A Renascença não pode verificar independentemente as imagens, mas os homens fardados são claramente soldados turcos e a agência DiHA diz que tudo se passou numa zona que está sob controlo do Estado Islâmico.

As imagens, captadas furtivamente a partir do lado turco da fronteira, estão a enfurecer a comunidade curda, que fala de “mais provas” de conluio entre a Turquia e o Estado Islâmico. Ankara tem sido muito criticada também pela comunidade internacional pela recusa em agir contra os islamitas que há 40 dias tentam ocupar Kobani, que é defendida por milícias curdas com o apoio aéreo dos Estados Unidos e demais membros da coligação contra o Estado Islâmico.

O regime turco vê as milícias curdas com suspeição devido à sua proximidade com o PKK, o movimento independentista curdo que luta contra a Turquia há cerca de 30 anos.