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Estes motards foram combater o Estado Islâmico

24 out, 2014 • Filipe d'Avillez

Membros dos Median Empire, que são, sobretudo, de ascendência curda, e dos No Surrender, viajaram da Europa para lutar ao lado dos curdos contra os terroristas islâmicos.

Estes motards foram combater o Estado Islâmico
A imagem é no mínimo bizarra. Entre fotografias de soldados curdos, tanto homens como mulheres, devidamente fardados, encontram-se algumas de motards alemães, fortemente tatuados e envergando os blusões que os identificam como membros do Median Empire (ME).

Segundo relatos do próprio grupo, há pelo menos uma mão cheia de motards do ME em Kobani, a ajudar a defender a cidade de uma ofensiva do Estado Islâmico que dura há várias semanas.

O Median Empire é um clube de motards alemães. Os seus membros consideram-se orgulhosamente parte do alegado 1% de motociclistas que vivem à margem da lei e os seus símbolos revelam uma faceta dada à agressividade e à violência. O grupo resultou de uma cisão do clube internacional Mongols, com ligações ao crime e um historial de rivalidade, por vezes mortal, com os Hells Angels.

Mas o que diferencia os Median Empire é que a maioria dos seus membros, cerca de 70% segundo o clube, são de ascendência curda, o que dá um cunho pessoal ao seu interesse pela causa dos curdos ameaçados e atacados pelos islamitas na Síria e no Iraque.

Os motards começaram por viajar para o Curdistão iraquiano, em Abril de 2014, para distribuir bens humanitários aos refugiados curdos naquela região. Com o agravamento da situação, porém, optaram por ir para o terreno e podem ser vistos em várias fotografias, publicadas abertamente em órgãos de imprensa e na sua página oficial do Facebook, de membros armados na linha da frente da guerra com o Estado Islâmico.

Mas os Median Empire não foram os primeiros motards a chegar a Kobani para pegar em armas. Pelo menos três membros do clube No Surrender, da Holanda, já se encontravam na cidade.

Os holandeses viajaram para a guerra sem saber como seria no caso de regressarem ao seu país de origem, mas receberam garantias do procurador-geral de que os seus actos não são ilegais, uma vez que não vão combater contra soldados holandeses e as Unidades de Defesa Populares dos curdos, nas fileiras das quais lutam, não são considerados um grupo terrorista.