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Líderes cristãos pedem reconhecimento do Estado da Palestina

12 out, 2014 • Filipe d’Avillez

A Europa tem a obrigação de defender os direitos do povo palestiniano, insistem os cristãos da Terra Santa.  

Líderes cristãos pedem reconhecimento do Estado da Palestina
Mais de cem líderes cristãos da Terra Santa assinaram um documento em que pedem aos Estados europeus que reconheçam oficialmente o Estado da Palestina.

Os líderes, incluindo o Patriarca latino emérito de Jerusalém, Michael Sabbah, e o Arcebispo Atallah Hanna, do Patriarcado Greco-ortodoxo de Jerusalém, dizem que a ocupação israelita do território palestiniano é uma injustiça e um pecado.

“Perseverámos durante 66 anos de exílio e 47 anos de ocupação, fiéis à mensagem de paz de Nosso Senhor”, escrevem, mas dizendo de seguida: “Estamos cansados de pedidos para retomar as negociações enquanto não conseguimos chegar às nossas igrejas por causa de uma potência estrangeira e o nosso povo continua a ser humilhado por uma ocupação indesejada”.

documento de duas páginas usa termos duros para com a ocupação e diz que os cristãos “têm o dever de resistir à opressão”.

Aos líderes europeus dizem: “Não podem continuar a tratar o nosso direito à liberdade e à autodeterminação como uma prerrogativa israelita. Temos um direito natural à liberdade”.

A liberdade da Palestina é, garantem, a única forma de assegurar o são convívio entre as diferentes religiões na Terrra Santa e o fim do fundamentalismo no Médio Oriente: “Até quando é que devemos continuar a ser tratados como estrangeiros na nossa pátria? A única maneira de os palestinianos, tanto cristãos como muçulmanos, poderem gozar uma vida de prosperidade e de progresso, é pondo fim à ocupação israelita. Essa é também a única forma de assegurar uma presença continuada dos cristãos nesta que é a nossa Terra Santa, e de garantir a Israel a segurança que continua a exigir. Sem justiça não pode haver nem paz nem segurança”.

“É tempo de a Europa perceber que a única forma de derrotar o extremismo e o terrorismo na nossa região é de fazer chegar a justiça para todos, começando por pôr fim à injustiça histórica infligida contra o povo palestiniano.”

Os signatários terminam a sua carta falando do dever histórico da Europa para com os direitos do povo palestiniano, e consideram que: “Chegou a hora de o Estado da Palestina ser livre e tornar-se um membro de pleno direito das Nações Unidas”.

Contactado pela Renascença, um dos porta-vozes deste movimento explica que a lista completa dos mais de cem líderes cristãos apenas será publicada na segunda-feira, mas sublinha que os líderes são apenas palestinianos, o que explica, segundo Yusef Daher, a ausência do actual Patriarca Latino de Jerusalém, Fouad Twal, que é de origem jordana.

Existe uma significativa comunidade de cristãos palestinianos na Terra Santa, muitos dos quais vivem em Israel ou na Cisjordânia. Mas a proporção de cristãos, que já foi de cerca de 20%, tem diminuído muito nas últimas décadas, sobretudo por causa de fluxos migratórios para países ocidentais.