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João Marcos. Um padre tímido que também é pintor

10 out, 2014 • Eunice Lourenço

Cónego foi nomeado bispo coadjutor de Beja.

Tímido, humilde e profundo. São adjectivos que vêm logo à mente de quem conhece o padre João Marcos, até esta sexta-feira cónego da Sé de Lisboa e, a partir de agora, bispo coadjutor de Beja.

José João dos Santos Marcos nasceu no concelho de Almeida, diocese da Guarda, há 65 anos, mas cedo foi para a diocese de Lisboa. Primeiro, para o seminário de Santarém (a diocese de Lisboa, na altura, integrava o que são hoje as dioceses de Santarém e Setúbal).

“O reitor do seminário era o padre Fernando Campos e, em Lisboa, era vizinho dele um irmão do meu pai , que soube que se punha a hipótese de eu vir para o seminário. Falou com o padre Fernando Campos e apareceram-me lá uns impressos para eu preencher. Preenchi os impressos, vim fazer o exame de admissão e assim fiquei para sempre na diocese de Lisboa. Até este momento”, recorda em declarações à Renascença.

Primeiro, Santarém. Depois, o seminário de Almada e, por fim, os Olivais. Foi já aí que os seus formadores o desafiaram a vencer da timidez e a colocar a arte também ao serviço da Igreja.

“Primeiro, o padre Serrazina e, depois, o padre Policarpo empurraram-me para a Escola de Belas Artes para eu fazer o curso de pintura. Eu sou obediente e fui”, recorda o novo bispo.

Estava no segundo ano de Belas Artes quando foi ordenado padre - o primeiro de Lisboa, depois do 25 de Abril. Acabou o curso de pintura e, hoje, muitas igrejas da diocese de Lisboa (e não só) têm painéis pintados por si.

Fez parte de um grupo de padres – a equipa da Merceana - que dinamizou várias paróquias no concelho e Alenquer. Foi prior no Milharado e em Vila Franca do Rosário. Depois, em Camarate e Apelação, próximo do seminário dos Olivais, onde começou a ser director espiritual, com o padre Luis Rocha e Melo. Hoje, já não tem nenhuma paróquia a cargo, mas faz direcção espiritual a seminaristas de oito dioceses.

No seu percurso, faz questão de lembrar a importância do Caminho Neocatecumenal – um movimento da igreja que o levou a ser catequista itinerante em Dublin e na Amazónia. E também no Alentejo, para onde agora vai, mas como bispo.