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Kobani resiste ao Estado Islâmico, mas há mais um massacre à vista

07 out, 2014 • Filipe d’Avillez

O movimento jihadista já ocupa partes da cidade curda que fica na fronteira da Síria com a Turquia. Teme-se uma chacina se os islamitas conseguirem dominar Kobani.

Kobani resiste ao Estado Islâmico, mas há mais um massacre à vista
A cidade de Kobani, na Síria, pode estar prestes a cair nas mãos do Estado Islâmico, prevendo-se um massacre dos seus habitantes no caso de vitória dos islamitas.

Kobani fica na fronteira da Síria com a Turquia, mas apesar de as forças turcas estarem em estado de alerta não há qualquer indicação, por enquanto, de uma intervenção terrestre que possa salvar a cidade.

Milhares de pessoas fugiram de Kobani nas últimas semanas e pelo menos 400 pessoas morreram durante a ofensiva do Estado Islâmico. As forças armadas sírias não estão presentes na região e a cidade está a ser defendida por militantes curdos, reforçados por alguns membros do PKK, o Partido dos Trabalhadores Curdos, que luta pela independência da região curda na Turquia.

Nas últimas semanas uma coligação de vários países, liderada pelos EUA, tem lançado ataques aéreos contra o Estado Islâmico. Se a táctica funcionou no Iraque, impedindo os islamitas de avançar sobre Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, em Kobani não tem tido o mesmo efeito. Os defensores lamentam que os ataques têm sido apenas esporádicos, mas há informação de alguns postos e carros de combate do Estado Islâmico destruídos.

Numa visita a um campo de refugiados, esta terça-feira, o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse que Kobani está prestes a cair e que o Estado Islâmico não pode ser vencido apenas com ataques aéreos, mas não deu qualquer indicação de envolvimento do seu exército, um dos maiores do mundo e o segundo maior da OTAN, depois dos Estados Unidos.

Fotografias que circulam nas redes sociais mostram mulheres e até crianças armadas para defender Kobani.

Receia-se que se o Estado Islâmico ocupar totalmente a cidade poderá levar a cabo um massacre da sua população, como tem feito noutros locais que tentaram resistir.

Protesto no Parlamento Europeu
Esta terça-feira cerca de meia centena de curdos entraram à força no Parlamento Europeu, em Bruxelas, para protestar contra a inacção dos países ocidentais em relação a Kobani.

A manifestação foi pacífica e vários eurodeputados conversaram com as activistas.

Um protesto semelhante teve lugar no parlamento holandês e várias manifestações ocorreram em cidades europeias onde existem comunidades curdas, como na Alemanha. Em Londres um grupo de curdos ocupou o Terminal 2.

Mais violentas têm sido várias manifestações na Turquia, sobretudo em cidades com grandes populações curdas, contra a falta de acção do país perante o avanço do Estado Islâmico e a morte de curdos na Síria.