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Margarida Cordo

"Estamos bem quando estamos"

20 set, 2014 • Paula Costa Dias

As famílias devem aproveitar melhor o pouco tempo que passam juntos, diz Margarida Cordo.

A terapeuta familiar Margarida Cordo diz que os casais devem aproveitar melhor o pouco tempo que passam com os filhos. À margem das jornadas nacionais da pastoral juvenil, em Fátima, alertou para as ameaças que a família actual enfrenta.

Margarida Cordo admitiu que as dificuldades por que passam muitas famílias roubam-lhes muito tempo. “Se nós não podemos estar muito tempo, estamos bem quando estamos. Se nós não podemos juntar-nos todos nas diferentes circunstâncias do quotidiano criamos situações em que esse estar é por inteiro”.

Em declarações à Renascença, a psicóloga reconheceu que a emigração é um dos factores que contribuem para a destruturação da família e pediu que se pense bem antes de tomar esta atitude.

“Quando a pessoa emigra por ambição está a esquecer-se que só temos uma vida para viver, que se estão a perder momentos únicos na vida uns dos outros porque nos afastamos de quem fica e que o ter não pode, de maneira nenhuma, ser um factor mobilizador que justifique este afastamento sistemático”, acrescentou.

Para a terapeuta familiar, as modas, o facilitismo perante o divórcio e o aborto, o desprezo pelos mais velhos, a falência dos valores e dos princípios e a vida de aparências são as principais ameaças que a família enfrenta.

Sínodo dos bispos
O Sínodo dos bispos deve proporcionar à Igreja uma atitude de maior tolerância, “para crescer rumo aquilo que é o amor de Deus”. Essa é a expectativa da terapeuta familiar Margarida Cordo.

Para a psicóloga só assim a Igreja demonstra o verdadeiro amor de Deus. Margarida Cordo sublinha que temos o exemplo disto quando “o Papa Francisco há muito pouco tempo,  há cerca de uma semana casou pessoas que já viviam em união de facto, e algumas delas já tinham filhos”.

A psicóloga diz ainda que há uma outra vertente que a desagrada na  Igreja que são as “famílias faz-de-conta”, ou seja, “as famílias aparentemente funcionais, que têm, na aparência, todos os requisitos para serem consideradas fantásticas e depois o conteúdo, a forma como se vive, a forma como às vezes se penaliza, essa não traduz nada, nada, nada o que é o lugar do verdadeiro amor, o que é a família”. E acrescenta: “temos de pensar  na verdade, na dignidade de toda a pessoa". O papel da Igreja deve também passar pela sensibilização para a solidariedade, generosidade e humildade.