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Albânia. Uma Igreja de estruturas "rudimentares", mas "muito viva"

20 set, 2014 • Aura Miguel

O facto de o Papa decidir começar a visitar a Europa pela Albânia é simbólico, defende o secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

Albânia. Uma Igreja de estruturas "rudimentares", mas "muito viva"
O número de católicos no país ronda os 13%, mas a Igreja da Albânia, país que o Papa visita no domingo, é "muito viva" e há paróquias a serem construídas. É o secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), monsenhor Duarte da Cunha, que o diz.

"Estive lá com os bispos europeus há dois anos e foi impressionante a beleza litúrgica, o entusiasmo dos jovens, uma descomplicação das coisas que é comovente, com estruturas muito rudimentares", afirma à Renascença. "Não é um Igreja com grandes edifícios, estruturas ou secretariados, mas é uma Igreja de povo e muito viva."

A viagem de Francisco é de só um dia, mas será carregada de discursos e encontros que poderão servir para o resto da Europa.

A alma escondida
Na Albânia, recorda o monsenhor Duarte da Cunha, "foi tentado um regime de ateísmo absoluto".

"Foi dos últimos países onde o comunismo caiu e, quando caiu, revelou que, por detrás, ainda havia uma alma religiosa. E é interessante, hoje em dia, ver como existem cerca de 12 a 13% de católicos num país onde parecia que ninguém podia ser religioso", diz.

A maioria da população é muçulmana. "Mas a fé católica e a fé ortodoxa, portanto, os cristãos, estão a crescer", refere.

A Universidade Católica tem vindo a consolidar-se (Francisco presidirá nessa universidade ao encontro com os líderes religiosos do país) e há paróquias a nascerem – situação que há 30 anos seria impensável por não haver uma única igreja nem capela em Tirana, na capital.

Além disso, "a Albânia é o país da Europa com mais jovens ‘per capita’”, logo “um país com esperança, embora ainda muito desorganizado, com grandes acusações entre partidos por causa da corrupção… Mas, tudo somado, o país está a crescer e a Igreja tem liberdade de expressão, mesmo na relação com os muçulmanos".

Europa é mais do que UE
O facto de o Papa Francisco decidir começar a visitar a Europa pela Albânia é simbólico, defende o secretário-geral do CCEE.

"Decide visitar um país que não é da União Europeia, sinal de que o Papa vê a Europa como algo mais do que as estruturas da União, que vê a Europa como uma cultura de povos", observa.