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Patriarcas do Médio Oriente querem resposta árabe ao Estado Islâmico

16 set, 2014

Os líderes das comunidades cristãs do mundo árabe dizem que não chega bombardear. "É preciso botas no terreno, mas talvez devam ser botas árabes", considera o Patriarca dos Caldeus.

Patriarcas do Médio Oriente querem resposta árabe ao Estado Islâmico
Vários líderes cristãos do Médio Oriente apelaram, esta terça-feira, em Genebra, na Suíça, a um envolvimento do mundo árabe no combate ao Estado Islâmico.

O encontro em Genebra serviu para discutir a crise que se está a abater sobre o Médio Oriente, em particular o Iraque e a Síria.

Num comunicado conjunto, os patriarcas, tanto católicos como ortodoxos, apelam a uma resposta mais vigorosa por parte dos próprios países árabes e líderes muçulmanos, criticando o facto de até agora esta ter sido "tímida".

"É preciso botas no terreno, não basta bombardear", considera o Patriarca Louis Sako, da Igreja Caldeia, "mas talvez devam ser botas árabes. A Liga Árabe tem de estar envolvida, esta é principalmente a responsabilidade dos Estados árabes".

"A situação dos cristãos e de outras minorias, por entre os massacres e atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, é grave. O nosso futuro na região está em perigo. Os líderes dos países árabes e a Liga Árabe têm de se levantar e fazer alguma coisa", afirma o Patriarca Inácio III Younan, da Igreja Católica Siríaca, com sede em Beirute.

Pedido: uma fatwa
O Patriarca da Igreja Caldeia, a maior confissão cristã do Iraque, fala em dez mil cristãos mortos ao longo dos últimos anos e 170 mil obrigados a fugir do Norte perante o avanço do Estado Islâmico.

"Estamos a pedir aos líderes religiosos dos países muçulmanos que emitam uma 'fatwa' [sentença religiosa] contra a matança de qualquer ser humano, não apenas muçulmanos. Até agora a sua voz tem sido muito tímida", lamenta Sako.

Os participantes do encontro, que foi convocado pela representação do Vaticano nas Nações Unidas, em Genebra, mostraram-se preocupados com a intervenção armada de países ocidentais, muitos dos quais, liderados pelos EUA, já anunciaram uma campanha de bombardeamentos aéreos. O medo é que a intervenção ocidental acabe por aumentar a popularidade dos terroristas.