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Estado Islâmico é uma ameaça "para todos os países do mundo"

01 set, 2014

O ministro iraquiano dos Direitos Humanos apelou à intervenção internacional nos conflitos no Iraque, que já fizeram 5.557 mortos.

"O Estado Islâmico não é um fenómeno iraquiano, é um fenómeno transnacional". O alerta foi deixado pelo ministro iraquiano dos direitos humanos aos 47 Estados-membros presentes na reunião de emergência das Nações Unidas, esta segunda-feira.

"[O Estado Islâmico] representa um perigo iminente para todos os países do mundo e desafia todos os princípios dos direitos humanos e as leis internacionais", afirmou Mohammed Shia' Al Sudani.

No Reino Unido, o Governo decidiu aumentar o nível de ameaça terrorista por causa do Estado Islâmico e dos cidadãos britânicos que estão a viajar para a Síria e para o Iraque para combater ao lado dos jihadistas.

O ministro apelou ainda à intervenção internacional, explicando que os extremistas islâmicos, a "transbordar de barbaridade", estão a mudar a própria composição demográfica e cultural do Iraque.

Governo iraquiano também é responsável
Na mesma reunião, a alta comissária adjunta das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Flavia Pansieri, afirmou que tanto o Estado Islâmico como as forças governamentais iraquianas (ainda que a um nível inferior) têm sido responsáveis por atrocidades e pela morte de milhares de civis.

A perseguição às minorias religiosas foi outro dos assuntos que levantou maior preocupação no painel de debate, convocado pelo Iraque, sobre o conflito que dura há três meses.

Um exemplo dessas perseguições foi o que se passou na cidade de Qaraqosh, na semana passada, quando cerca de uma centena de cristãos, que ainda não tinham abandonado a zona, caíram na mão dos jihadistas. As mulheres foram separadas dos homens para serem vendidas como escravas ou para serem forçadas a casar com jihadistas, apurou a Fundação Ajuda à Igreja Sofre, organização pública dependente da Santa Sé.

Keith Harper, representante dos Estados Unidos no Conselho de Direitos Humanos da ONU, aconselhou o primeiro-ministro iraquiano a criar um Governo multi-étnico para investigar as alegações contra as forças governamentais e contra "grupos terroristas”.

“As histórias que surgem dos ataques sangrentos do Estado Islâmico são histórias de pesadelos. Os cristãos, e outras minorias, são levados das suas casas com a ameaça de 'conversão ou morte'", acrescentou.

Os últimos dados das Nações Unidas revelam que, durante o mês de Agosto, 1.420 pessoas morreram devido aos conflitos no Iraque e 600 mil pessoas fugiram das suas cidades. Em Julho e Junho, a violência fez mais de quatro mil vítimas.