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ONU revela que número de cristãos iraquianos diminuiu 80% numa década

25 ago, 2014

Assassinatos, violações e destruição de propriedades são alguns dos crimes cometidos em nome do Islão. Foram registados 5.500 mortos nos últimos seis meses.

ONU revela que número de cristãos iraquianos diminuiu 80% numa década
As Nações Unidas asseguram que o número de cristãos no Iraque diminuiu cerca de 80% na última década, passando de 1,4 milhões, em 2003, para menos de 300 mil actualmente, segundo noticia a Ajuda à Igreja que Sofre.

Marc Bossuyt, representante das Nações Unidas para o Iraque, afirmou que já se contabilizaram mais de 5.500 mortos nos últimos seis meses e cerca de 1,5 milhões de deslocados internos por causa da violência perpetrada pelos jihadistas do Estado Islâmico.

Segundo Bossuyt, há notícias de crimes de ódio contra aqueles que não reconhecem este grupo, tendo referido relatos de pessoas queimadas vivas. Segundo ele, estas atrocidades "não podem ser explicadas simplesmente pela cultura, etnia ou religião" das vítimas.

Face a estes números, o Grupo para a Eliminação da Discriminação Racial, que funciona sob a égide da ONU, pretende a criação de uma comissão para investigar a violência que se tem abatido sobre as minorias étnicas e religiosas e quem apoia financeiramente o grupo Estado Islâmico.

A ideia é investigar a causa da rápida onda de violência no país e quem está a financiar e a dar armas para o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Crimes de guerra e contra a humanidade
O vice-ministro iraquiano dos Direitos Humanos esteve em Genebra, neste encontro, que decorreu no final da passada semana, e enumerou alguns dos crimes que estão a ser cometidos pelos jihadistas no seu país. Abdulkareem Al-Janabi citou assassinatos, violações e a destruição de propriedades, "cometidos por grupos terroristas em nome do Islão".

Especialistas do Comité das Nações Unidas destacaram que as violações cometidas no Iraque podem ser consideradas crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

A delegação do governo do Iraque confirmou estes números e explicou que os cristãos abandonaram o país por causa da violência que foi sendo exercida sobre a sua comunidade e pelo inevitável sentimento de insegurança que passou a existir.

Só nas últimas semanas, segundo a ONU, 670 mil cristãos deixaram as suas casas e foram para Sinjar, Erbil e para a região autónoma do Curdistão.

O vice-ministro Al-Janabi afirmou que os actuais "ataques terroristas no Iraque ameaçam o país e a humanidade em geral, amedrontando as minorias".