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O poder da oração, segundo James Foley

25 ago, 2014 • Eunice Lourenço

O jornalista executado pelos jihadistas rezava para se manter forte e sentir-se próximo da família.

O poder da oração, segundo James Foley
James Foley, o jornalista executado pelo chamado Estado Islâmico, pediu a um colega de cativeiro que estava para ser libertado que memorizasse uma carta para a sua família. Nessa carta, agora transmitida à sua mãe e divulgada no Facebook, recorda os momentos felizes com a sua família, mas também faz referência a fé e à oração que os unia.

“Sei que pensam em mim e rezam por mim e estou agradecido. Sinto a vossa presença, sobretudo quando rezo. Rezo por vós, para que sejam fortes e acreditem. Sinto, de facto, que, quando rezo, vos consigo tocar mesmo nesta escuridão”, escreveu Foley na carta que nunca conseguiu enviar, mas que agora chegou aos seus pais pela memória de outro refém. 

Esta carta faz lembrar uma outra que escreveu, em 2011, depois de ter estado 44 dias preso na Líbia. O fotógrafo, que era católico, estudou na universidade jesuíta de Marquette, no Wisconsin, com a qual continuou a colaborar ao longo da sua vida profissional, e foi para a revista desta universidade que, então, escreveu um testemunho sobre o poder da oração.

Foley esteve várias semanas preso pelas forças fieis a Kadhafi, em conjunto com outros dois colegas: uma americana e um espanhol. Foi um tempo em que, como depois contou, rezar o terço o ajudou a manter a força e a esperança.

No regresso, escreveu a carta que foi publicada na revista da Universidade de Marquette, considerando que a instituição ainda foi mais importante para ele durante essas semanas do que nos anos em que lá estudou e participou em projectos de voluntariado. Nessa carta, conta que foi por se sentir preocupado com a sua família que que começou a rezar o terço, a oração que sabia que a sua mãe e a sua avó também estariam a rezar.

Quando, finalmente, lhe foi permitido fazer um telefonema para casa, o jornalista soube que na sua universidade havia uma vigília de oração. Saber que havia uma igreja cheia de amigos e estudantes a rezar por ele e tomar consciência da fé da sua mãe no poder da oração fê-lo sentir que não estava sozinho.

Foley escreveu mesmo que atribuía a sua libertação ao poder da oração. Primeiro, uma libertação interior e, depois, o que considerava ser o milagre de ter sido libertado durante a guerra e num momento em que o regime não tinha interesse em libertar aqueles três jornalistas.

“Nada fazia sentido, mas a fé fez”, concluía Foley na carta que foi publicada na revista da universidade em 2011 e que agora tem sido objecto de múltiplas partilhas nas redes sociais.

A Universidade de Marquette, onde Foley estudou, promove esta terça-feira um serviço religioso em memória do jornalista e o seu nome será dado a uma bolsa de estudo.