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Fátima

"A história do mundo nunca se fará à margem da emigração"

12 ago, 2014 • Olímpia Mairos

Na abertura da peregrinação aniversária de Agosto, em Fátima, o Bispo do Porto convidou os fiéis a serem "acolhedores, hospitaleiros e cuidadores" dos que vivem perto e dos que vêm de longe.

"A história do mundo nunca se fará à margem da emigração"
O Bispo do Porto, que conhece, “por experiência”, o que é “ser emigrante com os emigrantes”, dirigiu-se, esta terça-feira, na homilia da vigília da peregrinação aniversária de Agosto, a todos os peregrinos reunidos na “mesa comum da família” - o Santuário de Fátima -, evocando a experiência humana da emigração, os “caminhos feitos de sonho e aventura”, na procura de uma “vida digna” e de um “trabalho honesto”.

Na sua homilia,  D. António Francisco dos Santos fez alusão à primeira leitura da Eucaristia, um excerto do Livro do Deuteronómio, para referir que também o povo de Deus foi “povo emigrante” no Egipto, foi “estrangeiro e escravo”, e que, por isso, “não pode ignorar o dever de cuidar dos estrangeiros com justiça e de os acolher com largueza de coração”.

Já na Carta aos Romanos – a segunda Leitura da Eucaristia - D. António encontrou nas palavras de S. Paulo a concretização do “acolhimento ao estrangeiro” com uma “hospitalidade fundada na caridade fraterna”.

À luz do Evangelho do Bom Samaritano, o prelado convidou os fiéis a ir ao “encontro das novas periferias existenciais e sociais”, a serem “acolhedores, hospitaleiros e cuidadores” dos que vivem “perto” e dos que vêm de “longe”, “atentos aos vizinhos e aos de fora”.

Segundo o Bispo do Porto, o Santuário de Fátima “tem sido, ao longo destes 97 anos”, “escola do Evangelho, onde se aprende a hospitalidade, onde se vive a fraternidade, onde se experimenta a proximidade da fé”.

Para D. António Francisco dos Santos, a “história do mundo nunca se fará à margem da emigração”, nem o “futuro da humanidade se poderá pensar contra os emigrantes”. Neste sentido, a Igreja tem a missão de “lembrar ao mundo e a cada povo” que trazemos em nós “as marcas de povos estrangeiros” e “transportamos connosco as dores e os valores, as lágrimas e os êxitos, os testemunhos de vida e de trabalho e a memória da coragem e da fé dos emigrantes”.

Ao finalizar a homilia, D. António convidou os fiéis a rezar por esta “missão da Igreja”, para que seja sempre “vivida e realizada a favor dos pobres, dos estrangeiros, dos exilados, dos refugiados e das vítimas de tráfico humano”.

O Bispo do Porto convidou ainda os fiéis a unirem-se ao Papa, que, esta quarta-feira, inicia a sua viagem apostólica à Coreia do Sul, e a rezarem pelos cristãos perseguidos no Iraque, na Nigéria e na Índia, e pela paz na Palestina, na Síria, na Ucrânia e em Israel, bem como por todos os “países e povos onde a paz demora tanto a chegar”.