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Visita do Papa à Coreia do Sul

Coreia. A comunidade cristã sobreviveu graças à memória

12 ago, 2014 • Inês Alberti

Península coreana é terra de missionários. Um deles, Yi Seung-hun, fundou a comunidade cristã, que sobreviveria de geração em geração, sem clero instituído.  

Coreia. A comunidade cristã sobreviveu graças à memória

Há dias, o Cardeal Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, disse: "Coreia, de terra de missão, tornou-se missionária." Não é por acaso que a Coreia do Sul é o primeiro país asiático a ser visitado pelo Papa Francisco, a partir desta quinta-feira.

É dos países que envia mais missionários para espalhar a fé cristã pelo mundo e, apesar do grande número de ateus no país, a maior parte da população religiosa é cristã (cerca de 30%, dos quais mais de 10% são católicos).

"O início do cristianismo não se deu por uma qualquer influência externa de missionação, mas através de um coreano que, vivendo fora da Coreia, se converteu ao cristianismo e, voltando à nação, começou a desenvolver a primeira comunidade cristã", explica Sérgio Ribeiro Pinto, investigador do Centro de Estudos de História Religiosa na Universidade Católica.

Este coreano chamava-se Yi Seung-hun. Seria perseguido e assassinado. Em 1984, foi um dos 103 crentes canonizados pelo Papa João Paulo II, na penúltima visita papal ao país.
 
Esta comunidade cristã inicial sobreviveu graças à manutenção de uma "memória", passada de geração em geração dentro das famílias. Sem a presença de clero ou eclesiásticos, o povo manteve a religião viva por sua própria vontade, o que reforçou o cristianismo no país.

A democratização
Outra época importante na relação entre o cristianismo e a Coreia do Sul foi durante a separação do Norte e o Sul da Península (em 1953), que dura até hoje.

A democratização ajudou os sul-coreanos a encarar a religião com bons olhos, até como uma porta para o desenvolvimento social e político e uma ponte para os valores democráticos ocidentais.

"A defesa de uma determinada configuração do sistema político que o demarcava de outra tradição completamente diferente a Norte, foi de alguma forma associada também a essa identidade religiosa, sobretudo pela presença dos missionários e da comunidade norte-americana", explica o historiador.