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Cónego em Viseu a caminho dos 100 anos ainda quer celebrar missas

05 ago, 2014 • Liliana Carona

José Ribeiro dos Santos foi ordenado em Agosto de 1939. Chegou a cuidar de 1500 tuberculosos e diz que viverá até Deus quiser: “A fruta quando está madura, cai sem ninguém lhe tocar”.

Faz 100 anos em Fevereiro, mas ainda celebra missas e não necessita de óculos para ler. São cerca de 70 anos de sacerdócio, mais de uma centena de casamentos celebrados, talvez o dobro de funerais. É o padre mais antigo da diocese de Viseu.

Quase a completar 100 anos, o cónego José Ribeiro dos Santos vive em Campo de Besteiros, concelho de Tondela, rodeado da família e de livros. “Leio melhor sem óculos do que com óculos. Os óculos só servem para gastar dinheiro. Uso livros com letra um bocadinho maior", conta à Renascença.

A pergunta é inevitável: há segredos para esta longevidade? “Nunca fui comilão, tentei sempre levar uma vida sossegada”, responde. 

A vida de José Ribeiro dos Santos nem sempre foi sossegada. Nos anos 40, percorria a Serra do Caramulo, a pé. “Cheguei a fazer cinco funerais no mesmo dia. Naquele tempo, não havia estradas, andei à chuva, à neve... Tinha 1500 doentes tuberculosos e era no tempo da Segunda Guerra Mundial", recorda.

Foi a 20 de Agosto de 1939 que José Ribeiro dos Santos celebrou a primeira missa. Uma queda no jardim de casa impossibilitou-o, há alguns meses, de celebrar, mas espera recuperar essa rotina: "Ainda no ano passado celebrava missas ao domingo, na freguesia vizinha. Gostava muito mais de celebrar missa e me encontrar com aquela gente toda do que ficar aqui pasmado. Hei-de voltar, se Deus quiser, hei-de voltar à Igreja."

"Vou chegar à idade que Deus quiser. Quando o fruto está maduro, cai sem ninguém lhe tocar. O futuro a Deus pertence", remata.