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Estado Islâmico consolida território no norte do Iraque

03 ago, 2014

A região ameaçada directamente pelo Estado Islâmico inclui muitas comunidades cristãs, que têm sido particularmente perseguidas pelos islamitas.

Os militantes do Estado Islâmico ocuparam a cidade de Zumar, no norte do Iraque, expulsando os militares do Curdistão Iraquiano que controlavam a região.

Uma testemunha contactada pela Reuters confirma que a cidade está nas mãos dos islamitas, que ao longo do último mês impuseram humilhantes derrotas ao exército iraquiano, conquistando toda uma região no norte do país e avançando até perto de Bagdad.

Horas depois, os islamitas ocuparam também a vila de Sinjar, com pouca resistência dos soldados curdos. A vila era habitada sobretudo por membros da comunidade minoritária yazidi, que seguem uma religião antiga, com ligações ao zoroastrianismo, que é independente tanto do Islão como do Cristianismo. Uma significativa comunidade cristã também vivia em Sinjar.

Pouco depois surgia a notícia da ocupação também de Wana, outra vila historicamente cristã, que fica junto à maior barragem do país.

Os militantes já afirmaram que pretendem conquistar Bagdad, mas entretanto parecem apostados em consolidar o território já conquistado, ocupando cidades e aldeias estratégicas que ficam perto da fronteira com a Síria, o que lhes facilitará o transporte de homens e bens entre os dois países.

Segundo a Reuters, as aldeias que ficam junto à fronteira com a Síria já receberam ordem de evacuação, por parte do Estado Islâmico, dando a entender que o grupo terrorista se prepara para as ocupar também.

O território agora ameaçado pelo Estado Islâmico, incluindo uma região síria que faz fronteira com a Turquia e que ainda não foi ocupado, tem uma importante presença cristã. Mossul, que também tinha vários milhares de cristãos, foi esvaziado desta comunidade numa questão de horas, depois de combatentes islamitas que ocuparam a cidade terem dado aos fiéis a escolher entre a fuga, o pagamento de uma soma incomportável, a conversão ou a morte. Quem conseguiu escapar levou apenas a roupa que tinha no corpo.

O Estado Islâmico ganhou expressão durante a guerra civil da Síria, combatendo contra o regime de Bashar al-Assad. Mas os métodos empregues pelos militantes islamitas são tão violentos, incluindo o massacre de civis, sobretudo de outros ramos muçulmanos e de minorias religiosas, como os cristãos, que chegaram a entrar em conflito com as restantes forças rebeldes, incluindo não só o secular Exército Livre da Síria, como a Frente Al-Nusra, que pertence à al-Qaeda.

A cidade de Zumar é importante uma vez que a sua ocupação permite aos islamitas controlar também uma refinaria petrolífera, aumentando para cinco as que já detém, o que ajuda a financiar as suas actividades.

O site do Estado Islâmico já deu conta desta vitória militar, afirmando que morreram dezenas de soldados do Governo da região autónoma curda e que muitos outros fugiram, deixando para trás armamento e bens, mas não é possível confirmar independentemente esta informação.

[Notícia actualizada às 11h28 com informação sobre a ocupação de Sinjar e às 12h46 com informação sobre a ocupação de Wana]

Quem são e o que querem os jihadistas que lançam o caos no Iraque?