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“Papa Francisco é um sinal que a Igreja chega a todos”

11 jul, 2014 • Henrique Cunha

No próximo domingo, o Bispo do Porto vai ordenar quatro padres e cinco diáconos. Dois dos futuros novos sacerdotes da Diocese do Porto, Cláudio Silva e Paulo Godinho, encontram no Papa um “modelo de testemunho de fé, na alegria”.

Cláudio Silva cresceu no Porto, no seio de uma família católica. Já Paulo Godinho nasceu em São Vicente de Pereiro, Ovar, e desde cedo frequentou os seminários diocesanos.

A partir de domingo estes serão dois dos novos sacerdotes da Diocese do Porto que encontram no Papa Francisco “um modelo” e um “sinal de esperança”.

As “atitudes de Francisco e a alegria que sente em anunciar aquele em quem acredita é sinal de esperança e de que a Igreja tem possibilidade de chegar a toda a gente”, sublinha Paulo Godinho.

Ambos partilham receios sobre as dificuldades da sua missão, num contexto de crise, de privação e de descaracterização das famílias, mas também o optimismo de que “no Evangelho se encontram as respostas”.

Paulo Godinho não gosta de falar de crise de vocações e afirma que a Igreja nada tem a temer. “O Evangelho diz-nos que o nosso mestre nunca faltará com trabalhadores para a sua missão, portanto, a Igreja não acabará, porque não são os padres que a fazem. A Igreja é obra de Deus”, explica à Renascença.

Também Cláudio Silva olha para o assunto com optimismo, e afirma que apesar de “haver mais trabalho, mais necessidades, é preciso confiança no coração de Deus, que através da nossa oração irá dando os pastores necessários para a sua seara”.

Instabilidade familiar versus crise de vocações
À semelhança do Papa Francisco, que afirmou que o celibato não é um dogma mas sim um dom, também Cláudio encara do mesmo modo a sua condição, e afirma que esse não é “motivo para a redução do número de vocações”. A origem do problema deve procurar-se na “crise de fé”, a que Paulo Godinho junta a “crise da cultura” e a “diminuição da natalidade”.

Para reforçar a sua opinião, Paulo lembra que “a Igreja Anglicana e a Igreja Católica de Rito Oriental enfrentam o mesmo problema" apesar de ordenarem homens casados.

Também o reitor do Seminário Maior do Porto nomeia “a instabilidade familiar” como factor de peso na crise de vocações. “Em muitos casos temos jovens que são filhos únicos o que coloca o problema da vocação com contornos diversos do passado, em que havia um grande número de filhos e para as famílias era muito mais fácil aceitar que um seguisse a vocação sacerdotal”, conta o Padre António Augusto Azevedo. 

O reitor considera “pertinente a reflexão sobre o celibato num contexto amplo em que se discute o sacerdote que a Igreja precisa para a sua missão no Século XXI” mas garante que “cada tempo tem os ministros que necessita”.

Numa nota, o Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos considera as ordenações uma oportunidade de “celebrar a gratidão e a esperança”.

“Vivemos um tempo de aumentadas dificuldades mas também de valiosíssimas iniciativas pastorais e grandes testemunhos de vida, de fé e de generosidade, que a todos nos encantam e fazem felizes”.

D. António Francisco dos Santos deixa ainda uma palavra de “gratidão às famílias dos ordinandos, às comunidades de origem e de estágio”.

No próximo domingo, 13 de Julho, às 16h00, o Bispo do Porto vai ordenar quatro padres e cinco diáconos.